"O investimento estrangeiro em África aumentou 75%, atingindo um recorde histórico de 97 mil milhões de dólares [84 mil milhões de euros] em 2024, impulsionado pelos esforços de liberalização e facilitação em todo o continente", lê-se no relatório Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) sobre o Investimento Mundial, no qual se destaca uma significativa recuperação dos investimentos no continente.
Os 97 mil milhões de dólares representam 6% do total mundial, melhor do que os 4% registados em 2023, mas este valor tem de ser lido tendo em conta a forte aposta dos investidores estrangeiros em projetos de desenvolvimento urbano no Egipto, indica-se no documento.
"Excluindo esse aumento, o IDE em África ainda cresceu 12%, para cerca de 62 mil milhões de dólares (53 mil milhões de euros), representando 4% dos fluxos globais", em linha com a percentagem de 2023, lê-se no relatório, que dá conta do interesse dos governos em aprovarem medidas que facilitem o investimento estrangeiro.
As medidas neste âmbito "continuaram a ter um papel de destaque em África, representando 36% das medidas políticas favoráveis aos investidores", diz a UNCTAD.
Os investidores europeus detêm o maior ‘stock’ de IDE em África, seguidos pelos Estados Unidos e pela China, com 42 mil milhões de dólares (cerca de 36 mil milhões de euros), em novos setores com o farmacêutico e a transformação alimentar.
Em termos regionais, o norte de África liderou as subidas, muito à custa de projetos específicos no Egipto, sendo que a África Austral, onde está Angola e Moçambique, registou uma subida de 44%, passando de sete para 11 mil milhões de dólares, ou seja, de seis para 9,5 mil milhões de euros.
Pelo contrário, a região da África Ocidental, onde se situam Cabo Verde e a Guiné-Bissau, registou uma descida 7%, com os investimentos a descerem de 16 para 15 mil milhões de dólares (de 13,9 para 13 mil milhões de euros).
A nível global, embora tenha aumentado 4% em 2024, para 1,5 biliões de dólares [1,3 biliões de euros], “o aumento é resultado, entre outros fatores, da volatilidade dos fluxos financeiros em várias economias europeias, que muitas vezes servem como pontos de transferência para investimentos".
Sem isso, o IDE caiu 11%, marcando o segundo ano consecutivo de declínio e confirmando um abrandamento cada vez mais profundo nos fluxos de capital produtivo, de acordo com o relatório hoje divulgado.