"Falência moral". Israel critica Guterres por condenar ataques na Síria

PorExpresso das Ilhas, Lusa,17 jul 2025 8:34

O representante de Israel junto das Nações Unidas, Danny Danon, acusou o secretário-geral da organização de "falência moral", após António Guterres ter condenado os ataques aéreos israelitas contra a Síria.

Guterres "continua a expor a sua falência moral. Enquanto membros da comunidade drusa são brutalmente massacrados na Síria, ele opta mais uma vez por permanecer em silêncio", declarou Danon, na rede social X.

O diplomata israelita acusou o ex-primeiro-ministro português de "vilificar Israel", afirmando que o Telavive é o "único [país] que luta ativamente contra as forças do mal" no Médio Oriente.

Danon comparou os confrontos sectários na Síria com os ataques liderados pelo grupo fundamentalista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, contra o sul de Israel.

"A ONU não condenou" o grupo palestiniano pelos "horrores de 07 de outubro", alegou o representante israelita, apesar das repetidas condenações públicas por parte das Nações Unidas.

"E agora, após o massacre dos drusos na Síria, o silêncio vergonhoso continua", acrescentou Danon, na quinta-feira à noite.

Horas antes, António Guterres pediu o fim imediato de todas as violações da soberania e da integridade territorial da Síria e admitiu estar alarmado com os confrontos mortais no sul do país.

"O secretário-geral condena os crescentes ataques aéreos de Israel em Sweida, Daraa e no centro de Damasco, assim como os relatos sobre a redistribuição das Forças de Defesa de Israel nos Golã", disse o porta-voz.

Guterres está igualmente alarmado com a contínua escalada de violência em Sweida, uma zona de maioria drusa, no sul do país, onde já morreram centenas de pessoas, acrescentou Stéphane Dujarric, num comunicado.

O português condenou a violência contra civis na Síria, incluindo relatos de assassínios arbitrários e "atos que atiçam as chamas das tensões sectárias e roubam ao povo da Síria a oportunidade de paz e reconciliação após 14 anos de conflito brutal".

O líder da ONU concluiu o comunicado, reiterando a necessidade de apoiar uma transição política credível, ordenada e inclusiva na Síria, em conformidade com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Israel efetuou na quarta-feira múltiplos ataques na Síria, incluindo dois na capital, Damasco, contra o quartel-general do exército sírio e outro junto ao palácio presidencial.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) relatou também pelo menos dois ataques de aviação israelita contra a cidade de Sweida.

Os ataques israelitas, justificados com o apoio aos drusos, resultaram na morte de 15 soldados e membros das forças de segurança sírias, adiantou a organização não-governamental, com sede em Londres e uma vasta rede de contactos em toda a Síria.

Presidente aponta transferência da segurança em Sweida para drusos

Entretanto, o Presidente da Síria anunciou hoje a transferência para "fações locais e xeques drusos" da responsabilidade pela manutenção da segurança em Sweida (sul).

Num discurso transmitido pela televisão, Ahmad Al-Sharaa prometeu responsabilizar os responsáveis pelas atrocidades contra os drusos.

De acordo com um novo balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), divulgado na quarta-feira à noite, os confrontos entre as comunidades sírias drusa e sunita em Sweida fizeram mais de 350 mortos desde o último fim de semana.

A organização não-governamental, com sede em Londres e uma vasta rede de contactos em toda a Síria, afirma que foram mortos 79 combatentes drusos, 55 civis, 189 membros do exército ou das forças de segurança e 18 combatentes beduínos sunitas, que combateram ao lado das forças de segurança do governo, também maioritariamente sunita.

O Ministério da Defesa sírio anunciou ao início da noite de quarta-feira que o exército começou a retirar-se da cidade de Sweida.

Ahmad Al-Sharaa condenou os "ataques em grande escala de Israel contra as infraestruturas civis e governamentais sírias" e elogiou a mediação dos Estados Unidos, da Turquia e dos países árabes, que, segundo ele, "salvou a região de um destino desconhecido".

Horas antes, em Washington, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou um acordo para cessação das hostilidades.

"Entrámos em contacto com todas as partes envolvidas nos confrontos na Síria. Acordámos medidas específicas que porão fim esta noite a esta situação preocupante e assustadora", adiantou o chefe da diplomacia norte-americana, nas redes sociais.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,17 jul 2025 8:34

Editado porSara Almeida  em  18 jul 2025 23:22

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