O Sindicato da Indústria, Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (SITTHUR), que representa os trabalhadores da companhia aérea pública cabo-verdiana, acusou, na quarta-feira, a administração da Cabo Verde Airlines (TACV) de não estar a cumprir os termos do memorando de entendimento que estabelece as condições para a passagem à pré-reforma, e para as rescisões dos contractos de trabalho por mútuo acordo, no âmbito da reestruturação da empresa.
A administração da Cabo Verde Airlines rejeitou, em comunicado, as acusações do sindicato, considerando que “distorcem a realidade” e “ofuscam os esforços” do Governo e da empresa para “resolver os problemas estruturantes” da TACV.
“A administração lamenta e rejeita, veementemente, as sinuosas afirmações do SITTHUR, que apenas representa uma parte dos trabalhadores, ao afirmar que a mesma não está a cumprir as condições acordadas e reflectidas no Memorando de Entendimento do mês de Abril passado, sobre a rescisão de contrato por mútuo acordo e pré-reforma dos trabalhadores”, refere o documento.
A empresa sublinha que os trabalhadores aderiram aos programas de “livre e espontânea vontade”, e que a totalidade já assinou o acordo.
Acrescenta que o programa de rescisões por mútuo acordo ainda está em curso e a receber novas candidaturas, tendo já sido assinado por mais de 70% dos trabalhadores que o aceitaram.
“Neste momento, 78 trabalhadores, entre pilotos, pessoal navegante de cabine e de suporte operacional, já assinaram o Acordo de Mudança de Base Operacional para a Ilha do Sal, dos quais 50% já estão fixados na ilha, devendo os restantes ficar instalados no decurso do mês de Junho”, refere ainda o comunicado.
A empresa assegura, por isso, “o fiel cumprimento do memorando de entendimento e o foco em alcançar os objectivos traçados para tornar a Cabo Verde Airlines um caso de sucesso”.
A administração avança que foi reforçada a parceria com a companhia aérea Binter, responsável pelas ligações entre ilhas, para garantir “ligações praticamente diárias da cidade da Praia para Lisboa, e vice-versa, em pelo menos cinco dias por semana”.
A Cabo Verde Airlines assinala igualmente progressos na modernização da plataforma comercial e digital da companhia e melhorias na pontualidade.
A TACV está a ser reestruturada há um ano para ser privatizada, tendo o Governo cedido as rotas domésticas à Binter CV em troca de 30% do capital e assinado um contrato de gestão da parte internacional com o grupo islandês Icelandair.
O processo deverá implicar o despedimento de mais de 200 trabalhadores, num esforço financeiro de cerca de 13 milhões de euros para o pagamento das indemnizações.