Em entrevista à Rádio Morabeza, Carlos Lopes diz que o único beneficiário das medidas tomadas no âmbito da reestruturação da companhia nacional é o grupo Icelandair, que assumiu a gestão da empresa em Agosto do ano passado, pelo período de um ano.
“Enquanto estão a fazer propostas que não têm nenhuma base e que não se justificam minimamente, verificamos que quem está a ganhar com isso tudo é a Icelandair. Quer dizer, praticamente os recursos que o governo tem estado a mobilizar têm ido todos para a Icelandair. Daí que é de todo inaceitável esta situação e o governo que faça um ponto da situação e veja o que é que se está a passar”, afirma.
O sindicalista fala, por exemplo, na diferença de tratamento dos tripulantes da TACV e da Icelandair e aponta o caso de alguns profissionais que já estão no Sal, antes da transferência definitiva.
“Decidiram colocar o pessoal num hotel, o que está a causar grande contestação por parte dos tripulantes de cabine, porque têm que ser submetidos às regras do hotel, sobretudo por causa dos horários das refeições. Quem está a ganhar é o hotel e também os tripulantes da Icelandair, que estão no hotel mas com outros benefícios que os nossos tripulantes não têm”, indica.
Carlos Lopes sublinha que tanto o sindicato como os trabalhadores querem que o governo seja mais transparente no processo de reestruturação dos TACV, bem como quanto aos montantes envolvidos no processo.
"Porque praticamente quem está a mandar nisto tudo é o administrador delegado da Icelandair. Estão a decidir tudo, impõem as suas regras como bem entendem e o governo vai abrindo os cordões à bolsa para eles. Queremos saber como é que vão resolver o problema dos trabalhadores nacionais", indaga.
A companhia pública nacional de aviação está a ser reestruturada para ser privatizada, tendo o Governo cedido as rotas domésticas à Binter CV e assinado um contrato de gestão da parte internacional com o grupo islandês Icelandair.
O processo implica o despedimento de mais de 200 trabalhadores, fecho de delegações, concentração da operação no Sal, encerramento de rotas e abertura de novos destinos.
Segundo o sindicalista, a proposta de indemnização apresentada pela empresa para a rescisão por mútuo acordo, o programa de pré-reforma, as condições para transferência de trabalhadores para ilha do Sal, são alguns pontos ainda em discussão de modo a "salvaguardar os direitos dos trabalhadores".