Arlindo Furtado, que preside à peregrinação de Agosto, em Fátima, dedicada ao migrante e refugiado, falava este domingo aos peregrinos.
"Essa situação de grande dor, de grande drama para todos, deve fazer-nos reflectir também sobre o nosso passado. Se não o fizermos teremos muita dificuldade em construir um futuro mais sólido. Toda a história colonial e mesmo pós-colonial, dos países que emitem emigrantes, deve ser alvo de reflexão", defendeu.
O bispo de Santiago falava sobretudo dos países do ocidente, "que vão precisar cada vez mais de imigrantes, mas devem regularizar cada um, para que tenhamos cidadãos de corpo inteiro e não equivocados e ambíguos", acrescentou.
Fazendo uma comparação da situação actual de África com a da Europa, Arlindo Furtado conclui que faltou à primeira a oportunidade de se unir como a segunda.
"A Europa teve muitas guerras, até chegar a uma consciência de colaboração mútua, até ter a União Europeia. Houve uma luta até chegar a esse ponto. E África não teve essa oportunidade de ter as suas lutas internas e fazer o percurso de uma integração. Isso foi muito devido à colonização que a fragmentou", disse.
"África teve, durante muito tempo, dirigentes políticos que são uma espécie de mandatários dos grandes patrões políticos europeus. Ainda hoje há situações dessas", alertou.
Agora, os africanos "devem ser adultos, seres pensantes, responsáveis para dizer "nós precisamos da vossa ajuda. Não para mandar comida e dinheiro, mas para ajudar a organizar os países e a desenvolver sectores profissionais, através de técnicos que, no terreno, ajudem a conhecer a nossa realidade e descobrir o processo de fazer a reintegração".