Os dados são referentes a 2018, altura em que foi realizado o primeiro recenseamento prisional do país. A directora de estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE), Naomi Ramos, fez hoje a apresentação pública dos resultados do censo e da socialização do Plano Nacional de Reinserção Social, organizado pelo Ministério da Justiça e Trabalho.
Os mesmos dados revelam uma sobrelotação das cadeias, com excepção do Sal com apenas 50% da sua capacidade ocupada.
O estabelecimento prisional da Praia tem uma capacidade para 602 presos e no momento do censo estava com 1112 presos, quase o dobro. A Cadeia Central de São Vicente tinha na altura 250 reclusos, quando o limite máximo é de 200. Em sentido contrário, a ilha do Sal consegue albergar 250 presos, mas à data do censo possuía 165.
Relativamente à idade, a maioria dos presos do sexo masculino têm idade compreendida entre 25 e 29 anos, sendo que as mulheres estão entre os 30 e 40 anos.
O senso prisional revela que a maioria dos crimes cometidos são roubos, com uma taxa de 43%, seguido de homicídio, com 28%.
Os mesmos dados dão conta de “uma percentagem significativa” de presos que começaram a cometer os primeiros crimes a partir dos 15 e 21 anos, e mesmo que não tenham sido presos numa cadeia foram presos numa esquadra policial.
Cerca de 92,8% dos reclusos são cabo-verdianos, o que equivale a 1454 presos. Uma pequena percentagem, 4,5% (70), têm dupla nacionalidade e 2,4% (38) são estrangeiros.
Em relação ao Estado civil, 786 vivem em união de facto, 700 reclusos são solteiros, 66 são casados e 15 são divorciados.
A maioria dos presos, 50,2%, têm o ensino básico e no momento da detenção apenas 7,4% estavam a frequentar o ensino.
Em relação ao contexto familiar antes da detenção, 41% dos reclusos viviam com os pais, 33,3% com família constituída, 13,8% moravam sozinhos.
O censo, realizado em Março de 2018, baseou-se no perfil demográfico, isto é, visava saber a idade dos presos, a educação, a convivência familiar, com quem viviam quando pequenos, os crimes cometidos, o uso de drogas e outras substâncias, a motivação, entre outros.
“O objectivo é fazer o levantamento desses indicadores que vão permitir ver qual a motivação para esses crimes cometidos por esses infractores e dar ao país indicadores que permitem traçar melhores políticas, quer na área de segurança, e, quer na questão de ressocialização dos presos quando saírem das cadeias”, afirmou a directora do INE.