Investimento é a palavra de ordem. Acelerar esse investimento e promover a implementação de projectos catalisadores do crescimento sustentável e da criação de emprego são, de acordo com o texto de apresentação oficial do CVIF, os objectivos deste Fórum do Investimento Privado.
Para tal, o evento, que resulta de um “compromisso assumido pelo Governo na sequência da Conferência Internacional” realizada em Dezembro, em Paris, vai permitir “fortalecer a cooperação empresarial e daí, ampliar as oportunidades de negócios”.
Em termos concretos, pretende-se que os participantes, além da troca de conhecimentos, ideias e informações de interesse, encontrem oportunidades rentáveis de investimento. Investidores e empreendedores têm assim uma plataforma de encontro, construção de parcerias, criação de oportunidades de negócios e, claro, mobilização de recursos.
O Fórum, organizado pelo Governo em parceria com as Câmaras de Comércio e Turismo (representando o sector privado), deverá ter lugar anualmente. E para esta primeira edição está já tudo a postos, conforme garante o Vice Primeiro-Ministro, Olavo Correia.
I CVIF
“Todos aqueles que querem investir no nosso país vão ter essa oportunidade para olhar para projectos concretos e para ajudar a montar o financiamento”, sublinhou Olavo Correia, em Março, aquando do lançamento público da iniciativa Cabo Verde Investment Fórum. Concretos também devem ser os resultados desta iniciativa. Este fórum não é um fórum para muitas conversas, porque conversa já tivemos em Paris”, resumiu, na altura, o governante.
Foram também avançados números: 500 milhões de euros era o montante mínimo de investimento que o Governo esperava mobilizar.
Entretanto, meses de trabalho e organização passados (e também quilómetros de Diplomacia para o investimento feitos) outros números e questões relativas ao Fórum foram divulgados na passada sexta-feira. A expectativa de angariar esse montante mantém-se e novos dados foram avançados.
De acordo com o do Presidente da Bolsa de Valores, Manuel Lima, que fez a apresentação desta Primeira Edição do CVIF à imprensa, no Fórum vão ser apresentados 22 projectos de investimento totalmente privados. O maior projecto tem um valor de 265 milhões de euros e o menor, de 2,5 milhões de euros.
A globalidade desses projectos, angariados até 20 de Junho, terá um valor 861 milhões de euros, contabilizou Manuel Lima. Já as necessidades de financiamento cifram-se na ordem dos 547 milhões de euros, acrescentou.
Olavo Correia, por seu turno, explicou que o Estado não financiará qualquer projecto e que serão instituições financeiras internacionais a avançar com o capital em falta para viabilizar os projectos. Contudo, as políticas ou abordagens para garantir acesso ao financiamento irá manter-se, em permanência, para lá do evento em si.
Na sua página de Facebook o Vice-primeiro Ministro e ministro das Finanças, confiante do sucesso do evento, adiantou ainda que este contava, até dia 21, com “mais que 250 inscritos de 25 nacionalidades”, o que encara como “um bom indicador”.
Turismo lidera
Há muito e em muitos fora se fala (e critica) a concentração do investimento em Cabo Verde no sector do turismo. E não obstante a potencialidades deste, para ser a base para a diversificação da economia cabo-verdiana, continua a liderar as apostas de investimento no país.
Num total de 22 projectos de investimento totalmente privados, 17 são da área do turismo. Ou seja, mais de 75% dos projectos. Os restantes dividem-se entre Indústria (3); telecomunicações (1) e Energias (1).
Vendo as áreas destacadas na página do Fórum (http://www.caboverdeinvestmentforum.cv/), sectores como o Transportes, Agronegócios ou Economia Marítima não tinham (pelo menos até à passada sexta-feira, dia 21) qualquer projecto no CVIF.
Quanto à distribuição geográfica, a ilha mais apetecida é o Sal, com 7 projectos. Seguem-se São Vicente com 5 e Santiago, 4. Boa Vista, Maio, Fogo, Brava, São Nicolau e Santo Antão verão surgir um projecto cada, havendo ainda espaço para um projecto de abrangência nacional.
Cabo Verde ao centro
De 1 a 3 de Julho, “promotores e investidores. Homens e mulheres de negócios, decisores de alto nível da indústria e sectores produtivos, comércio, serviços e finanças, representantes do sector privado, presidentes, CEO´s, Executivos financeiros, membros de governos, organizações internacionais e empresas internacionais”, bem como especialistas, marcarão presença no Fórum.
Todos os dias começam com encontros B2B e B2G. Depois há sessões plenárias, subordinadas aos temas “Cabo Verde na Economia Global” (com enfoque no ambiente de Negócios e das regiões e Comunidades a que o arquipélago pertence) ou “Melhoria dos serviços financeiros em Cabo Verde”. No dia 3, o tema forte serão os Investimentos Públicos e as Parcerias Público-Privadas.
Há ainda, diariamente, sessões temáticas sob as áreas do Turismo; Transportes Aéreos, Energia, à Economia Marítima e às TIC.
De acordo com o programa, nesse primeiro dia será ainda assinado um Compacto Lusófono / Afreximbank CPD. (Recorde-se que existe já um Compacto Lusófono –BAD celebrado entre Portugal e o BAD em finais de 2018, como parte de um leque de parcerias anunciadas durante o Fórum de Investimento para África, em Joanesburgo, África do Sul.)
Quanto aos participantes, além da prata da casa, estão representados grandes instituições e Organizações, como a OECD, o Banco Africano de Desenvolvimento, a Comissão Europeia, a IFC (International Financial Corporation), o Afreximbank, o EBID (ECOWAS Bank for Investment and Development), o Banco Mundial, entre outros.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 917 de 26 de Junho de 2019.