Na cidade, ao contrário de anos anteriores,em que as hiaces paravam para apanhar passageiros logo a seguir à rotunda de Ribeira Bote, na estrada de acesso à Baía das Gatas, este ano, os motoristas são obrigados a fazê-lo no largo da Torrada, em piso de terra batida, próximo dos contentores de lixo.
A denúncia foi feita hoje pelos próprios condutores. Aristides Soares, há sete anos a transportar pessoas para o festival, considera que os profissionais estão a ser sufocados.
“Desde ontem estou a trabalhar para o Estado. Tiramos 8 mil escudos para a portagem e cerca de seis contos para combustível, num trabalho que fazemos sem condições. Antes, a nossa paragem era lá em cima e mudaram-nos para cá. Sufocam-nos a cada dia e não estamos a conseguir trabalhar. Só querem ver os autocarros a trabalhar”, critica.
De acordo com os condutores, é a primeira vez que a situação acontece.
“Na Baía, a nossa paragem nos anos anteriores foi mudada para onde era a dos autocarros, e vice-versa. Ficamos prejudicados, tanto na cidade como na Baía”, diz Aristides Soares.
A situação apanhou os condutores de surpresa.
Anilton Delgado, também condutor de hiace, considera que o seu trabalho fica condicionado e que o local não é apropriado.
“Não dá para ficarmos aqui, no meio desta terra. Os clientes nem sabem se estamos cá”, refere.
Djulai, proprietário de hiace, critica a forma como estão a ser tratados.
“Este ano a situação está péssima. Os hiaces, no seu dia-a-dia, não ganham nada. Nos dias de festivais, em que podiam tirar as suas responsabilidades, os autocarros não deixam porque, ao contrário de nós, eles têm o seu local de paragem estipulado. A nós, manda-nos para onde quiserem. Este ano estamos num local de terra, as pessoas não sabem e não tínhamos conhecimento disso”, explica.
O valor da portagem é outro elemento alvo de críticas, apesar de ser o mesmo há vários anos - 8 mil escudos.
“Pagar oito contos pela portagem é muito complicado. Além da portagem, temos combustível, entre várias outras coisas. Não me parece justo, pelo tratamento que é dado aos hiaces em São Vicente”, entende Djulai.
O segundo dia da 35ª edição do Festival Internacional de Música da Baía das Gatas começa hoje às 20 horas, com a abertura a ser feita por Vasco Martins. Segue uma animação do Grupo Carnaval de São Vicente e a actuação de Grace Évora, Beto Dias, Suzana Lubrano, Deejay Telio, de Angola, e Davido, da Nigéria.
Amanhã, no último dia, as actividades no palco começam mais cedo, às 18 horas, com o grupo cabo-verdiano Hip Hop Skils Muviment. Yasmin, Loony Johnson e Ricky Man são outros artistas a actuar no terceiro e último dia do festival, que será encerrado pela banda portuguesa Wet Bed Gang.