Cláudia Teixeira vive em Madrid. Conforme conta ao Expresso das Ilhas, ninguém naquela cidade pode sair às ruas, a menos que seja para ir ao Hospital, farmácias, supermercados, ou para trabalhar. Caso saírem para outros sítios, terão de pagar uma coima de 600 euros.
Agora, narra, cada carro deve ter apenas um ocupante e os lugares públicos estão fechados.
“Foram reduzidos os horários de funcionamento dos supermercados porque as pessoas andam a comprar exageradamente e os mais velhos não conseguem comprar nada. Eles é que são os mais prejudicados com esta situação”, lamenta.
“Stressante” é como Cláudia Teixeira descreve a forma como passou a viver de um dia para outro. Isto porque, justifica, a cada dia que passa há mais pessoas a serem contagiadas pelo coronavírus e o número de mortos aumenta exponencialmente.
Esses números, de acordo com esta entrevistada, provocam medo. Por esse motivo, afirma que ainda que precise de comida, tem medo de sair para comprar.
“Porque Madrid é a cidade espanhola com mais casos do coronavírus, e não sabemos onde podes contrair o vírus”, diz.
A princípio, conta, ninguém levou a sério a Covid-19. Agora, “ver uma cidade como Madrid vazia, é triste e assustador” e, assim, as pessoas já “levam a sério” o coronavírus, “não só por causa das medidas do governo, mas também por causa dos números que aumentam a cada dia".
Cláudia não sai de casa há 8 dias. Ao mesmo tempo que trabalha, está em quarentena junto com os patrões, por viver no trabalho.
“Tenho ocupado o meu tempo com trabalho e música, mais nada”, manifesta.
Em Zaragoza, Zuleica Monteiro revela que as medidas são as mesmas de Madrid. Ninguém pode sair de casa a menos que seja para ir às Farmácias, supermercados, hospitais ou trabalhar. Tal como na capital.
“Kau ka sta sabi”. É assim que Zuleica se refere à cidade que hoje tem empresas, centros comerciais, bares e restaurantes fechados.
“Eu tenho saído todos os dias, porque eu tenho dois empregos, um num restaurante e outro na limpeza de um condomínio…mas espero que em breve possa ficar de quarentena porque tenho medo”, declara.
Prosseguindo, Zuleica diz que há 6 dias não trabalha na restauração, e no condomínio tem de tomar algumas precauções. Tem de usar máscara, luvas e álcool gel depois de limpar. Ao descer ou subir o autocarro, também deve desinfectar as mãos.
Segundo esta entrevistada, houve dias em que os supermercados de Zaragoza estavam vazios devido ao “exagero” das pessoas, que queriam comprar tudo.
“Vivo em Espanha há 12 anos e nunca vi algo assim. Eu particularmente, achei exagerado o que as pessoas fizeram…comprar tudo e mais alguma coisa, como por exemplo o papel higiénico. Eu comprei apenas o principal…mas esta situação não é fácil”, completa.
Sílvia Furtado que vive em Alcañiz acresce que ao sair tem que se justificar o motivo para essa saída ou com recibos de compras, ou com alguma declaração que prove que se foi trabalhar. No caso de compras, acrescenta, apenas é permitido um membro de cada família. Se forem mais, são multados.
Sílvia Furtado, que trabalha numa padaria, menciona que o chefe dividiu os funcionários em grupos. Assim, se um grupo for contagiado pelo coronavírus, a padaria não pára de funcionar, tendo em conta que apenas esse grupo entra em quarentena.
“Antes trabalhava de segunda a sábado, agora apenas segunda, quarta e sexta”, relata. Perante esta “situação difícil”, Sílvia Furtado diz que ao chegar em casa a primeira coisa a se fazer é lavar tudo que veio da rua e tomar um banho quente.
Até ao momento a Espanha registrou 17395 casos de infecção, 803 mortos e 1107 pacientes recuperados.