Segundo uma nota do governo, enviada hoje, os 270 cabo-verdianos estavam retidos em Portugal, Estados Unidos e Brasil.
A mesma fonte revela ainda que cerca de 7 mil turistas estrangeiros, clientes do operador turístico TUI que se encontravam nas ilhas do Sal e da Boa Vista, já estão de volta aos seus países de residência, tendo a operação terminado ontem, 24 de Março.
Os portugueses, brasileiros e americanos que se encontravam em várias ilhas foram igualmente transportados para os respectivos países, em voos suportados pelo Estado de Cabo Verde, voos da TAP ou em voos partilhados. Contudo, os voos não terão conseguido levar todos esses estrangeiros, que aguardam agora outras possibilidades de voltar ao seu país. O governo alerta a todos os interessados para confirmarem, sempre, com as embaixadas e serviços consulares no estrangeiro e nas instâncias de informação no país já comunicadas, sobre toda e qualquer informação sobre repatriamentos.
Entre os 270 cabo-verdianos que chegaram ontem ao país, está Zenaida Fernandes que estava de férias nos EUA. O seu voo, conforme relata, chegou à Praia às 2h20 de hoje e ficou no aeroporto até às 8h00 da manhã, hora a que foi transportada para o hotel.
“Ficamos junto com os passageiros da TAP, que tinham chegado no voo da meia-noite, mas, havia muitas pessoas com máscaras. Estávamos todos juntos na sala do desembarque na fila à espera do carro que ia nos levar para o hotel”, conta Zenaida Fernandes ao Expresso das Ilhas, revelando que não tiveram direito a comida durante o voo.
"Na América, durante o check-in, disseram-nos que era para nós comprarmos comida e bebida no aeroporto para levar para o avião, porque de acordo com as medidas de segurança e protecção não iria ser servida nenhuma refeição a bordo”, relata.
Entretanto, Zenaida Fernandes informa que a cada passageiro foi dado duas garrafas de água.
Na Praia, continua, havia uma Hiace para passageiros e uma viatura das Forças Armadas para transportar as bagagens.
“Apesar de todo o sacrifício para chegar a nossa terra, agradeço ao governo por nos ter ido buscar. Como se costuma dizer, bem ou mal, melhor na nossa terra do que na terra alheia”, reconhece.
O cantor António Pinto mais conhecido por Toy Cabecinha, também chegou na madrugada de hoje, no voo proveniente dos EUA.
“Por acaso, dentro do avião estávamos a uma distância considerável uns dos outros. Eu até estava deitado na cadeira do avião porque o avião não veio cheio”, ilustra.
Em conversa telefónica com o Expresso das Ilhas, Toy Cabecinha diz que o voo teve um atraso de cerca de duas horas e confirma ninguém teve direito a comida durante o voo.
“Se quiséssemos comer a bordo tínhamos que comprar sandes no aeroporto antes de entrar no avião. Deram-nos duas garrafas de água para cada pessoa, durante 6 horas e 10 minutos de voo. Havia crianças e idosos”, queixou-se.
Ao chegar na Praia, conforme fez saber, foram para o hotel depois de 5 horas no aeroporto.
“O avião chegou às 2 horas e cheguei no hotel era 7 horas e 10 da manhã. Foi um sofrimento. Porque era muita gente vinda dos EUA e Portugal e havia apenas dois hiaces e duas carrinhas para nos trazer para o hotel”, lastimou-se, acrescentando que ao chegar no hotel foram “rapidamente” encaminhados para os quartos.
A refeição já estava preparada para os passageiros.
Mas nem todo os cabo-verdianos se encontram já em solo nacional. Um outro entrevistado, que não quis ser identificado, diz que ainda se encontra em Lisboa à espera da viagem anunciada pelo governo.
“O voo de ontem [Lisboa-Praia/Sal] não era do governo mas sim da TAP, que organizou o voo para recolher portugueses na Praia, São Vicente e Sal. Então aproveitaram e levaram os seus passageiros que estavam aqui retidos”, explica.
Este entrevistado diz ainda que quando contactou a embaixada, a informação que lhe foi passada é que ainda não havia nem data nem hora para o voo anunciado pelo governo de Cabo Verde.
Porém, salvaguarda, a embaixada de Cabo Verde em Portugal está já a recolher os nomes dos passageiros retidos naquele país.