Este ano, tudo está a ser diferente, a vários níveis. A última semana de Abril costuma ser palco de um leque de actividades, promovidas pela IGT.
Por volta do 28 de Abril, dia em que se comemora não só o Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho, como também o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho e o Dia Mundial para a Segurança e Saúde no Trabalho, há uma forte sensibilização para a temática.
“Essas actividades servem para sensibilizar os parceiros sociais bem como a sociedade civil em geral para a importância de uma cultura de prevenção e segurança no trabalho”, explica o Inspector-Geral do trabalho.
Neste final de Abril, “dadas as circunstâncias não nos é possível realizar as actividades no formato habitual”.
Mas se as actividade mudam, as finalidades não. “É um momento difícil que estamos a viver, mas a saúde e a segurança no trabalho não estão de quarentena, nem pode estar de quarentena”, sublinha.
Este momento difícil, acarreta novas exigências tanto para os trabalhadores como para as entidades empregadoras e autoridades de fiscalização, destacadamente, “um maior empenho para o cumprimento das normas de higiene e segurança no trabalho”.
Assim, os trabalhadores “devem respeitar escrupulosamente as normas emanadas das autoridades, nomeadamente, nas medidas de distanciamento social, higienização dos locais de trabalho, das mãos e dos instrumentos de trabalho”.
Além disso, apela a que não se partilhem esses instrumentos de trabalho e, na linha do que fica estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 47/2020, de 25 de Abril, que estabelece as regras para limitar a transmissão do Sars-Cov-2 (o novo coronavírus) na comunidade, se evite, por exemplo, as reuniões e outras actividades que impliquem a aglomeração de pessoas.
“Manter os gabinetes de portas abertas, dentro do possível com ventilação natural”, são outras indicações a cumprir.
Por parte das empresas, estas “devem implementar todas essas medidas de prevenção sem qualquer custo para o trabalhador. Ou seja, os equipamentos de protecção individual (EPIs) são custeados pelas empresas, o trabalhador não deverá ter nenhum custo com esses equipamentos”.
A par com os trabalhadores e os empregadores, também as autoridades com competência para a fiscalização têm um papel importante, devendo ter uma “incidência muito maior nesses aspectos a fim de erradicar essa pandemia”.
Recorde-se que a IGT é, juntamente com a Inspecção-Geral das Actividades Económicas (IGAE), as autoridades sanitárias, bem como aos serviços de fiscalização das entidades reguladoras responsável por fiscalizar o cumprimento das regras estabelecidas no referido Decreto-Lei.
As coimas (de entre 15 a 500 contos) serão aplicadas pela IGAE, mas no caso dos serviços públicos o não cumprimento das regras pode levar a procedimentos disciplinares e eventuais suspensões ou multas.
Máscaras não são novidade
Quanto ao uso de máscaras, que passa, de uma forma geral a ser obrigatório, Anildo Fortes relembra que “em vários sectores de actividades isso já está previsto na lei. Portanto, não é nenhuma novidade para a IGT”.
São instrumentos que fazem parte do equipamento de protecção individual já previstos em diplomas antigos. O alargamento irá é levar a uma fiscalização “com maior atenção para os sectores que não era exigido o número de máscaras”.
“Para nós não é nenhuma novidade, é simplesmente fiscalizar o cumprimento das normas”, reitera. ”É mais um item que temos de ter em atenção no momento de fiscalização”.
O trabalho será feito com a IGAE, sempre que se justifique, mas a IGT tem o seu próprio programa de fiscalização.
“A partir do momento em que as condições estiverem reunidas nós iniciaremos as medidas normais, mas mesmo assim estamos disponíveis para qualquer situação, que necessite de qualquer intervenção imediata”, diz, lembrando que está disponível também a linha 800 27 27.
Trabalhadores preocupados com suspensão de contratos
As medidas sanitárias são importantes, mas neste momento, aponta o Inspector-Geral, a “preocupação dos trabalhadores das empresas é a questão da suspensão dos contratos de trabalho”.
Como revelou esta semana, a Direcção-Geral de Trabalho, até 17 de Abril, já tinha registado cerca de 13.332 pedidos de suspensão do contrato de trabalho, referentes a um total de cerca de 661 empresas.
Assim, neste momento, acima de tudo, a problemática da manutenção dos postos de trabalho e dos direitos advindos das medidas excepcionais que o governo criou para mitigar o impacto da COVID-19 na economia, é o que mais procura levanta junto à IGT.
Por fim, sobre o enquadramento de uma possível infecção pelo novo coronavírus no local de trabalho, Anildo Fortes diz que há uma discussão aberta sobre se pode ser considerada ou não uma doença profissional. Seja como for, enquanto estiver doente, o trabalhador é coberto pelo INPS, como em qualquer situação de doença, relembra.
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Acidentes de trabalho diminuíram em 2019
No ano passado, Cabo Verde registou 238 acidentes de trabalho, cinco dos quais resultaram em morte. Números que mostram um decréscimo de 157 acidentes de trabalho e menos uma vítima mortal, face a 2018, ano em que se registaram 395 acidentes e seis mortes. Em 2017 haviam ocorrido 255 acidentes e cinco mortes.
O Sector da construção civil é sempre o que regista mais acidentes de trabalho, embora o sector indústria e serviços também tenha um número significativo dos mesmos.
Quanto às ilhas, São Vicente lidera em números de acidentes de trabalho, seguido de Santiago, Sal, Santo Antão e da Boa Vista. Nas outras ilhas o número é residual. Na “Brava, por exemplo, não temos registo de nenhum acidente”, avança o Inspector-Geral de Trabalho, Arlindo Fortes.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 961 de 29 de Abril de 2020.