Segundo o estudo, 65% das empresas suspenderam as suas actividades e destes 82% suspenderam as actividades entre a segunda e terceira semana de Março. 46% das empresas que suspenderam as actividades, estavam sem previsão de abertura na altura do questionário.
A nível do impacto na facturação, 61% das empresas tiveram que reduzir parte das atividades, 14% reajustaram a estratégia do negócio e 10% reduziram o número de colaboradores.
Das empresas que estão a operar nas instalações ou através do Teletrabalho, 76% não tem intensão de fazer a suspensão das actividades.
Ainda a nível do impacto na facturação, o estudo revela que 6 em cada 10 empresas tiveram mais de 80% de perda de facturação em Abril, face ao período homólogo (60%). Alguns tiveram uma perda de 100% de facturação.
A queda de facturação foi o principal problema resultante da COVID-19, apontado pela maioria das empresas (77%), seguida pela tesouraria (54%) para manter o pessoal e as actividades da empresa.
No caso de os problemas persistirem ou agravarem, 47% das empresas apontaram o Lay Off como uma das primeiras opções a equacionar e 36% vão reduzir e reajustar as actividades. Entretanto, 18% apontaram como primeiras opções a redução do salário dos colaboradores e outros 18% vão declarar a insolvência e fechar as portas.
Impacto nos Empregos
No que tange ao impacto nos empregos, os dados apontam que a maioria das empresas (73%) conseguiram pagar os salários no mês de Março, enquanto 14% não conseguiram fazê-lo.
A mesma fonte evidencia que 46% das empresas fez ou tenciona fazer algum corte nos funcionários e destes, 23% pretende fazer cortes acima dos 30%.
Relativamente ao mês de Abril, 7 em cada 10 empresas não têm capacidade financeira para pagar os ordenados. O impacto é maior nas grandes empresas em que 85% dessas empresas estão sem capacidade de pagamento dos ordenados do referido mês.
Com respeito ao Layoff, a pesquisa regista que 6 em cada 10 empresas pretendem recorrer ao mesmo e todas as grandes empresas entrevistadas declararam que vão recorrer ao Layoff.
Das empresas que pretendem recorrer ao Layoff, 54% já entregaram o processo ao INPS. Para 62% das empresas, os trabalhadores vão estar em regime de suspensão total de trabalho.
Segundo o inquérito, 48% das empresas recorreram a uma linha de crédito. Destes, 87% estão a aguardar e 10% das empresas não tiveram aprovação do processo de financiamento.
A maioria das empresas acham que todas as medidas anunciadas pelo Governo são adequadas ou muito adequadas. Porém, em termos de celeridade de resolução das solicitações, dão nota negativa a todas as Instituições envolvidas na implementação das medidas.
Pensar no Futuro
Em declaração à imprensa, a presidente da Associação de Mulheres Empresarias de Cabo Verde, Eunice Mascarenhas, disse que depois desses resultados a associação e os parceiros vão ver a possibilidade de enviar não só o resultado do inquérito, mas também as propostas ao governo de modo a ver o que é possível adoptar.
“Se as empresas não conseguirem sobreviver, a parte sanitária que tanto o governo tem estado a trabalhar poderá aqui também não ter muito sucesso porque teremos uma panóplia de casos, nomeadamente, muito desemprego e, eventualmente, a delinquência. Estamos a pensar nisso para a sustentabilidade das empresas e, ao mesmo tempo, dar às famílias a possibilidade de terem um recurso financeiro para também sobreviverem”, manifestou.
Por sua vez, o secretário-geral da Câmara de Comércio de Sotavento, José Luís Neves, disse que é “urgente” começar a pensar em coabitar com o vírus e delinear um plano rigoroso para começar a reabrir e a retomar as actividades económicas e empresariais, mesmo na ilha de Santiago e na Boa Vista onde a situação, neste momento, é mais delicada.
“Os resultados desse estudo indicam-nos mais ou menos qual a situação actual e dão-nos os sinais de como é que vão ser os próximos tempos. As empresas manifestam uma grande incerteza em relação ao futuro e dão sinais de que poderão despedir muitos trabalhadores nos próximos tempos, de modo que, se a situação continuar, pensamos que os impactos poderão ser ainda mais devastadores, tanto para as empresas como a nível do emprego e da própria situação social do país”, referiu.
O estudo foi realizado pela Associação de Mulheres Empresarias de Cabo Verde em parceria com a Afrosondagem, Câmaras de Comércio de Sotavento e Barlavento, Câmara do Turismo, Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde e Associação de Agências de Viagens e Turismo. A recolha foi feita de 17 a 27 de Abril.
Participaram do inquérito 307 empresas de diversos sectores de actividade, a maioria da ilha de Santiago.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 962 de 6 de Maio de 2020.