O anúncio foi feito pelo chefe do Governo durante a viagem que realizou ao Sal, que regista um acumulado de 71 casos de COVID-19 e um óbito desde 01 de Junho. Uma deslocação que serviu, explicou, para “reforçar a acção, os meios e a coordenação” na ilha mais turística do arquipélago e que até final de Maio não tinha casos da doença confirmados.
“Devemos colocar a situação do Sal num quadro de alguma preocupação, não de dramatização, não de alarme. Mas um quadro que exige a participação de todos”, disse.
Recordou que “à semelhança” do que foi feito na Boa Vista, a primeira ilha a diagnosticar casos da doença, em 19 de Março, e quando então “havia casos activos em crescimento”, será agora colocado na ilha, durante 15 dias, o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, para “reforçar a coordenação, o plano de intervenção e uma estratégia integrada que envolva os serviços de saúde, da protecção civil, as forças policiais, forças armadas, a câmara municipal e as comunidades”.
Desde o início do mês que estão a ser aplicadas, progressivamente, medidas de desconfinamento, após cerca de dois meses de estado de emergência (diferenciado por ilhas), as quais vão agora ficar sem efeito na ilha do Sal.
“É preciso entender e reforçar a mensagem de que o Sal não está na mesma situação que se encontrava antes, por isso, não se pode continuar com as mesmas práticas e a mesma forma de funcionar”, disse, referindo que ainda hoje será publicada uma resolução do conselho de ministros “para alterar o quadro de desconfinamento na ilha”.
Recordou que quando foi aprovado o plano de desconfinamento para o arquipélago, actualmente em vigor, “não havia casos positivos de COVID-19” naquela ilha, cenário que “agora é diferente”.
“Por esta razão, visitas aos lares de idosos, prisões, hospitais, centros de saúde, cujas restrições seriam levantadas no dia 15 [de Junho], vão se estender. Assim como, vamos estabelecer novos horários de funcionamento dos bares, por serem áreas onde a probabilidade de contaminação é mais facilitada”, disse ainda.
O PM garantiu ainda que serão reforçados os meios de fiscalização “para garantir o cumprimento das normas do estado de calamidade e a comunicação nos bairros e comunidades”, onde, disse, “muitos comportamentos resultam da falta de noção clara dos riscos”.
“Vamos também testar a ilha. Até ao final do mês, introduziremos um laboratório para que a ilha tenha maior autonomia de produção dos testes PCR [à COVID-19]”, acrescentou.
O objectivo, enfatizou, passa por colocar o Sal “num nível de contenção muito mais baixo”, tendo em conta que “quanto mais propagação, mais impactos na saúde, na economia, no emprego”.
“Estou a falar da vida das pessoas, e sem a actividade económica, não há emprego, não há rendimento, então vamos proteger a ilha, a saúde das pessoas e os seus empregos”, concluiu.
Cabo Verde regista um acumulado de 782 casos diagnosticados de COVID-19 desde 19 de Março, sete óbitos e 354 doentes recuperados, segundo a ilha do Sal a segunda mais afectada, depois dos 637 casos diagnosticados em Santiago.
A pandemia de COVID-19 já provocou mais de 436 mil mortos e infectou mais de oito milhões de pessoas em 196 países africanos e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.