Viver com HIV em tempos de SARS-CoV-2

PorSara Almeida,11 jul 2020 8:58

Há quase 40 anos, um vírus até então desconhecido provocou uma pandemia que ainda persiste. Desde então 78 milhões de pessoas foram infectadas em todo o mundo e mais de 30 milhões morreram.

Mas a infecção por aquele vírus, o VIH, que era quase uma sentença de morte, tornou-se já uma doença crónica, desde que devidamente tratada. Quatro décadas depois, uma nova pandemia vem trazer desafios a essa evolução, em todo o mundo. Em Cabo Verde, onde a luta contra o VIH/SIDA tem conhecido o sucesso, medidas foram (e estão) a ser tomadas para que a luta contra o SARS-CoV-2/COVID-19 não deite a perder as conquistas contra o VIH.

Já se passaram mais de 15 anos desde que Josefa Rodrigues recebeu a notícia que lhe iria mudar a vida. Ninguém descobre que tem VIH e fica igual. E há 15 anos tudo era também diferente.

“Havia tanta discriminação que o problema maior não era o próprio VIH, mas sim a discriminação. Havia muita discriminação até mesmo nos centros de saúde. Havia. Mas agora já não. Agora somos tratados como quem tem diabetes, hipertensão. Tem havido evolução também em termos de medicamentos, de análises... enfim, em tudo”, conta Josefa.

Havia a questão social, a sanitária e também o embate pessoal de quem se sabe infectado por um vírus, na altura, ainda bastante letal. Também isso está melhor, rebatido com os avanços científicos, mas também com a rede de apoio psicológico entretanto criada, nas estruturas de saúde e mesmo fora delas.

Houve pois toda uma evolução, e a pandemia de VIH/sida, felizmente, já não é o que era. Mas entretanto surgiu uma nova,de cariz diferente, que está a abalar o mundo e a derrubar conquistas na luta contra aqueloutra.

CV sem rupturas

Um estudo da Organização Mundial da Saúde e do Programa Conjunto da ONU sobre VIH/SIDA, ONUSIDA, prevê que sem esforços para mitigar a interrupção dos serviços de saúde durante a pandemia da COVID-19, e em particular se a oferta de terapia antirretroviral for interrompida durante seis meses, a África Subsaariana pode registar cerca de meio milhão de mortes por doenças relacionadas com a SIDA até 2021. E tem havido constrangimentos. Mesmo em países “avançados” a dificuldade no acesso aos tratamentos está a causar danos na luta contra o VIH.

Face à nova pandemia, provocada pelo SARS-CoV-2, o novo coronavírus, em Cabo Verde o primeiro momento foi de preocupação. Mas logo o Comité de Coordenação de Combate à Sida (CCS-SIDA), principal organismo nacional de combate ao HIV/SIDA, e seus parceiros reagiram. Foram de imediato accionadas medidas e um novo programa para evitar o impacto negativo da COVID-19, na luta contra o VIH.

Medidas atempadas e que estão em curso. “Estamos a reinventar, readaptar”, explica a secretária executiva do CCS-SIDA, Maria Celina Ferreira.

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Medidas que têm corrido bem. Não seria realista afirmar que ninguém ficou sem tratamento durante o estado de emergência vivido no país, e que na capital, que agrega mais 60% dos casos de VIH, durou dois meses. No entanto, e embora a avaliação final só possa ser feita a posteriori, Celina Ferreira avança que, no mínimo, “mais de 85% [dos portadores de VIH] conseguiram” manter o tratamento.

Isto, num momento em que os dados pré-pandemia da COVID-19 mostravam que a cobertura, em todo o país, de 86,7%, sendo que algumas estruturas já atingiram cobertura total.

Em certos locais, os infectados foram contatcados um por um, e houve assistentes sociais a levar os medicamentos até às pessoas que não iam as consultas, buscar a medicação.

Mas antes, para garantir o tratamento tem de haver os referidos medicamentos, que apresentam rupturas de sotck em vários pontos do mundo. Em Cabo Verde, apesar da carência de transportes internacionais – recorde-se que os voos estão suspensos desde 19 de Março – a CCS-SIDA agiu antecipadamente e conseguiu garantir o fornecimento dos antirretrovirais, que chegou num (caro) voo fretado (DHL).

“Tivemos de investir mais, fizemos um esforço extraordinário para as pessoas não ficarem sem a medicação porque sabemos qual é o impacto da ruptura de medicamentos e da não observância ao tratamento”, justifica.

Assim, não houve ruptura, “nem vai haver”, considera, tendo em conta o stock armazenado. Outra encomenda chegou, aliás, em final de Junho à Praia.

Também o stock de preservativos, no âmbito da prevenção, está garantido, neste caso até 2023: “Vieram de barco, conseguimos tirar em época oportuna sem nenhum problema. Recebemos 9 milhões de preservativos”. Esses meios de prevenção, foram e continuam a serem disponibilizados nos pontos habituais, garante.

Em suma, “foi um stress”, mas, embora ainda haja encomendas em atraso, essas “encomendas não vão pôr em causa nenhum tratamento, nenhuma despistagem, nem vão ter nenhum efeito sobre a prevenção”.

Coronavírus e VIH

“Segundo a ONUSIDA não há evidencias cientificas entre a associação COVID-19 e VIH-SIDA. Todavia as pessoas que vivem com VIH apresentam fraca imunidade e, por isso, podem constituir um grupo de risco para a COVID-19 e devem adoptar sistematicamente medidas de prevenção e de protecção”, alerta Celina Ferreira.

O VIH, como se sabe, debilita o sistema imunológico, abrindo espaço as doenças “oportunistas” e quando surge uma doença nova, sobre a qual ainda se sabe tão pouco, e cujo melhor trunfo para ser vencida, até agora, ainda é o próprio sistema da pessoa, é fácil perceber o stress que tem sido para este grupo enfrentar a nova pandemia.

Desde Janeiro que o CCS SIDA adoptou, pois, um leque de medidas como forma de antecipar eventuais problemas derivados da crise sanitária mundial a jusante e a montante. Logo nessa altura começaram também a ser emitidas orientações, divulgadas nas rádios comunitárias e rádio nacional, numa readaptação do Programa radiofónico VIDA SEM SIDA.

“As pessoas que vivem com VIH e turberculose foram informadas, aconselhadas e apoiadas para o enfrentamento da epidemia conforme as orientações nacionais e o guia da ONUSIDA sobre VIH e COVID-19. E foi adoptado o guia “o que uma pessoa que vive com VIH deve saber sobre a COVID19””, refere.

Outra das medidas também tomadas e concertadas com o pessoal da saúde para contornar constrangimentos ao tratamento foi o maior espaçamento entre as consultas (evitando assim as idas ao médico) bem como o aumento do prazo das prescrições de antirretrovirais, sendo que agora as farmácias fornecerem os medicamentos para um período mais alargado (para evitar deslocações).

“Fui à consulta a 10 de Junho e quando fui levantar a prescrição, o médico disse para me darem para dois meses”, conta Josefa acrescentando que só terá de regressar à consulta em Outubro e já tem receitas até lá. Uma medida que Josefa e outros membros da Rede Nacional de Pessoas que vivem com VIH (PVVIH), criada em 2011 e que é um dos principais parceiros da CCS-SIDA no contacto com as comunidades, vêem como muito positivas.

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Stress e apoio

Mas, “não está a ser fácil”, este período, reconhece Josefa. Tem também ajudado muito o apoio da Rede, que também continuou o seu trabalho junto aos membros e outras pessoas que vivem com VIH inclusive durante o estado de emergência. “A articulação da rede com as pessoas continuou através de contactos por telefone, Messenger, e redes sociais”, conta Josefa, que é vice-presidente da rede PVVIH.

Nedine Centeio é psicóloga dessa rede. E também de sua experiência, tal como Celina Ferreira, diz que os utentes continuaram, sim, as suas consultas e tratamento, apesar de muitos “estarem um pouco apreensivos”, no início, em recorrer aos serviços de saúde.

Conforme conta, durante todo o estado de emergência, o seu trabalho de apoio e atendimento continuou a ser feito, mas à distância, por via telefónica. Um apoio que vai além da parte psicológica e passa por passa também por fazer um levantamento das dificuldades, e servir de ponte com outros parceiros, como a CMP, que forneciam cestas básicas e outros objectos essenciais.

“Também fazíamos ponte com a delegacia de saúde, no sentido de as pessoas não perderem as suas consultas nem abandonarem os tratamentos”, ao mesmo tempo que se alertava para a necessidade de ter todas as precauções contra a COVID.

Tudo, como referido, à distância. Aliás, a nível nacional e como conta por sua vez a a secretária executiva da CCS-SIDA, foi criado um grupo no microsoft teams para três ONGs divulgarem os serviços e comunicarem com as populações vulneráveis. Uma plataforma licenciada com financiamento do Fundo Global.

Garantiu-se pois que o apoio e luta continuam, porque apesar da COVID-19 e do confinamento, a vida também continua.

Vírus de rosto feminino

Josefa foi infectada através do seu marido, entretanto já falecido de SIDA, a doença que pode ser despoletada pelo VIH e que constitui a fase onde o espectro da morte se assume. Só soube da razão da morte do esposo após o óbito uma vez que, na altura, os resultados das análises demoravam cerca de uma semana. E assim foi também só após a sua morte que descobriu que também era seropositiva.

O marido contraira VIH ao envolver-se com outra mulher, que aliás morreu antes dele. Josefa confessa que ficou chateada com o seu falecido, “mas passou”.

“Viver com VIH e com ódio não dá”. Sem a raiva inicial sentiu-se mais aliviada.

Duas mulheres, um homem. Cabo Verde tem uma prevalência do VIH SIDA de 0.6%, sendo as mulheres a população mais afectada (0,7% contra 0,4% nos homens), segundo dados do último Inquérito Demográfico de Saúde Reprodutiva, apresentado em 2019.

Na verdade, se em 2005 a prevalência nas mulheres era de 0,4%, ela quase dobrou até 2013, num sentido inverso a dos homens. “Em 2005, Cabo Verde era o único país da sub-região cuja prevalência nos homens era mais alta do que nas mulheres. Era uma caso à parte”. Agora segue a mesma tendência, no feminino, do resto da região, refere Celina Ferreira.

Esta situação é justificada pela vulnerabilidade biológica da mulher, “mas sobretudo por factores sócio-culturais e económicos”. E é de referir que cerca de 98% dos casos de contágio, é feito por via de transmissão sexual. A mulher, normalmente, não é instruída na questão da sexualidade, não se fala”, então “ela não sabe negociar um acto sexual protegido”.

Há ainda associada, muitas vezes, a questão da vulnerabilidade económica. “Ficam dependentes” dos homens. Mesmo aquelas que são chefes de família.

Há pois vários motivos para essa discrepância da taxa de prevalência entre os sexos. E um outro, que se destaca, é que são as mulheres quem mais procura os serviços de saúde, o levanta a questão de uma eventual subnotificação masculina.

“Normalmente quando a mulher é diagnosticada é que o homem, o companheiro, vai ao serviço de saúde. E muitas vezes o estádio da doença já está avançado”, acrescenta, por seu lado, a psicóloga Nedine Centeio.

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O caso do marido de Josefa é disso exemplo. Muito antes de morrer já sentia febres, tonturas, mal-estar. Nunca quis ir ao hospital, recorreu a remédios “de garrafa”, tradicionais. Piorou.

“Quando foi ao hospital já era tarde”. Por isso, Josefa alerta para a importância de fazer o devido tratamento, com os medicamentos antirretrovirais. Comprimidos que podem ser obtido de forma gratuita através dos centros de saúde.

Mas dizia-se, entre as pessoas que vivem com VIH, a maioria são mulheres. Mais: são mulheres economicamente vulneráveis.

Na verdade, muitos dos cerca de 150 membros da rede PVVIH, aponta Josefa Rodrigues, são vendedeiras. “Dependem da venda diária de frutas e outros artigos”. Assim, o estado de emergência e confinamento “foi muito complicado em termos financeiros”.

Ouviu várias mulheres queixar-se de que não tinham dinheiro para pagar a renda nem para sustentar os filhos.

Além disso, ser portadora de VIH requer cuidados que vão além da gratuita medicação. É necessária uma alimentação equilibrada e em quantidade suficiente para poder aguentar todos os efeitos dos próprios medicamentos.

Aliás, já antes da pandemia de COVID-19 a rede enfrentava esta questão:

“Muitas pessoas dizem ter má adesão ao tratamento porque não têm o que comer. Lidamos muitas vezes com esse tipo de problema: má adesão por falta de alimentação”, contava Nedine Centeio.

E, por isso, já antes, e embora a rede seja por princípio contra o assistencialismo apostando na formação em actividades geradoras de rendimento, por vezes era necessário recorrer a ajuda accionando os parceiros. Durante o estado de emergência, porém, a situação agravou-se.

Nesse âmbito, de acordo com Celina Ferreira da CCS-SIDA, durante o estado de emergência “cerca de 150 famílias geridas pela rede Pessoas que vivem com VIH foram beneficiadas com apoio alimentar, kits higiénicos e de protecção com apoio de parceiros e amigos voluntários” e foi ainda elaborado e aprovado um projecto de mitigação do impacto da COVID-19 nas populações vulneráveis incluindo as PVVIH no valor de 139.000 euros

Gravidez e aleitamento

Há cinco anos que Leila Rodrigues pertence à rede de PVVIH, a qual chegou através de uma assistente social. Descobriu que tinha VIH já no fim da segunda gravidez. “Eu soube que eu tinha VIH a 26 de Setembro de 2014, o meu filho nasceu a 13 de Outubro”. É que embora tenha feito o teste no primeiro trimestre da gravidez, o mesmo deu negativo. Leila já estaria então contaminada, mas no chamado ‘período de janela’, quando o vírus ainda está em incubação.

Foi então aos nove meses que recebeu o diagnóstico era seropositiva. O timing, aqui, conta. E foi através desse hiato temporal que se concluiu qual era a origem do contágio de Leila. Não tinha sido infectada por uma agressão sexual que havia sofrido vários meses antes. Tinha-o sido já pelo seu companheiro, pai da criança, que não sabia ser portador do VIH. Ele, por sua vez, terá sido infectado durante o período da tropa.

Descobrir que se tem uma infecção para a vida não é fácil, muito menos numa altura sensível como é a gravidez.

“Chorei muito, muito, mas nunca escondi que era seropositiva”, conta.

Hoje é já possível uma mãe seropositiva dar à luz por parto “normal” tendo em conta que o tratamento permite uma carga viral indetectável que evita a transmissão vertical. Mas como Leila descobriu ser VIH positiva já em avançado estado de gestação ez cesariana “para poder proteger o bebé”. O facto de ter sido infectada há pouco tempo, e portanto, “o vírus nao estava activo no corpo, permitiu recuperar alguma coisa”.

“Hoje a minha criança é negativa”, salienta, aliviada.

O caso de Leila e do seu filho é um caso de sucesso no meio de uma luta de sucesso. A cobertura a nível do pré-natal é de 95% e Cabo Verde está a um passo de eliminar a transmissão de VIH de Mãe para filho e respectiva certificação. Anualmente, numa média de 90 crianças que nascem de mães seropositivas, uma ou duas sofre a transmissão. “É dentro do limite da eliminação”, explica Celina Ferreira. Todas as crianças são entretanto acompanhadas por uma equipa multidisciplinar até aos dois anos, de modo a descartar toda a possibilidade de estarem infectada. No ano passado havia 85 crianças (de diferentes idades), em tratamento de VIH.

Todos os ganhos têm agora de ser consolidados e documentados para a referida certificação (após avaliação da equipa da OMS) e, desafio maior, sua manutenção.

Durante o estado de emergência continuaram a ser garantidos os os testes de VIH e de sífilis (Cabo Verde faz os dois testes simultaneamente) a todas as grávidas nas consultas de pré-natal, um serviço disponível em todas as estruturas de saúde do país.

Na verdade, todos os serviços de testagem se mantiveram com excepção dos postos móveis que foram afectados ao serviço das Delegacias de Saúde da Praia, Boa Vista, Sal e São Vicente para resposta à COVID-19, conta a secretária-geral.

Teste feito, o tratamento para redução da carga viral tem também sido assegurado. E há uma outra questão importante, já depois do parto, e que é a alimentação dos bebés.

Nesse sentido, uma das iniciativas de destaque, que está em curso desde 2011, é a parceria da CCS- SIDA com a CVTelecom , que visa “contribuir para o aleitamento das crianças filhas de mães seropositivas nos primeiros 6 meses de vida, evitando, assim, a contaminação (transmissão Vertical) pelo vírus através do aleitamento materno”, como explica a própria empresa.

Leila foi uma das 308 mães que entre 2011 e 2018 beneficiou do programa. “Uma ajuda boa”, considera.

E neste período de crise sanitária provocada pelo SARS-CoV-2, o programa continuou. “Os bebés expostos ao VIH foram apoiados com leite adaptado por um período mais longo para evitar saídas desnecessárias”. Três meses.

Voltando a Leila. Ela e o pai do seu filho já não estão juntos. Ambos continuam a fazer o tratamento e Leila está num relacionamento com um homem que não é seropositivo. Prova que a vida com VIH é “normal”, desde que com cuidados. Como quem tem uma doença crónica.  

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Uma luta a continuar

A SIDA e a COVID-19 são as grandes pandemias dos últimos 50 anos. E se para esta última, a luta ainda vai no início, no caso do VIH/SIDA, Cabo Verde tem sido um combatente de sucesso.

Estes são alguns dados dessa história:

O Programa Nacional de SIDA foi criado em 1986, depois da identificação do primeiro caso de SIDA no país. Desde então país conseguiu permanecer no grupo de países com fraca prevalência para o VIH/SIDA (< 1 %).

O país conta desde 2004 em vigor um Programa de Terapia Antirretroviral, com financiamento do Fundo Global.

Em média são diagnosticados, actualmente, entre 300 a 400 novos casos de VIH por ano, valores para os quais é preciso ter em conta o elevado número de testes. “Triplicamos o número de testes de 2017 até agora, era 39 agora passamos para 75 mil testes, que compramos”, enumera a secretaria executiva da CCS-SIDA.

A taxa de detecção de casos de VIH ronda 80,9 por 100.000 habitantes e a taxa de mortalidade 16,4 por 100.000 habitantes, segundo o Relatório Estatístico do MS, 2017.

São ganhos significativos, que assentam em vários eixos que vão da prevenção, ao acesso ao tratamento antirretroviral apoio psicossocial, mas também no aspecto legal e coordenação multisectorial.

Entretanto, em termos legais, e face aos devido aos avanços e dinâmica da evolução do VIH, foi revista a Lei N.º 19/VII/2007, que regula os aspectos de prevenção controlo e tratamento de VIH-SIDA. A Lei revista aguarda aprovação no parlamento. 

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2 pandemias

O primeiro caso definido pelo Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos como de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) foi divulgado em Janeiro 1981. Em 1983, o VIH foi identificado como a causa da doença.

A doença chegou a Cabo Verde em 1986. O primeiro caso identificado foi o de um emigrante, natural do Fogo, que vivia em Paris. Contudo, com base em observações clínicas há mais três casos presumíveis de SIDA, na mesma altura, sendo dois na Praia e um em São Vicente.

Apesar dos paralelismos possíveis, e embora sejam ambas “doenças virais com componentes comportamentais fortes”, estas doenças “diferem na forma de transmissão, no modo de recuperação e modo de isolamento e tratamento”, salienta Celina Ferreira.

Comparar as duas pode não ser linear, mas compreender o VIH/SIDA relembra que, muitas vezes, as pandemias não desaparecem prontamente. No caso do VIH/SIDA o que se verificou foi uma evolução nos tratamentos e mudanças de comportamento humano (no caso da SIDA, o sexo seguro, a troca de agulhas, etc), que o transformaram numa doença maioritariamente crónica.

Apesar do optimismo é pois de lembrar que há pandemias para as quais não há cura, nem vacina... Mas também lutas que podem ser ganhas.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 971 de 8 de Julho de 2020. 

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Autoria:Sara Almeida,11 jul 2020 8:58

Editado pormaria Fortes  em  12 jul 2020 20:13

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