O anúncio da suspensão da paralisação foi feito esta manhã, à imprensa, pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviço (STCS) João Mette, que vinha liderando a greve cujo motivo anunciado alegava falta de entendimento nas negociações entre o Governo e os sindicatos.
João Mette, que disse ainda que a greve se deve à aprovação do novo estatuto sem que os agentes tenham participado, considera “injusta” a lei da requisição civil, já que na sua perspectiva esvazia completamente o sentido da greve.
“A greve é para ser sentida, pelo que caso contrário não tem razão de ser. Existe uma lei da greve, mas o Governo com a lei da requisição põe em causa o direito dos trabalhadores à greve, pelo que há de se pensar na possibilidade de alteração dos dispositivos legais que regulam a requisição civil”, disse.
Face a essa requisição, acrescentou, na Praia vai-se trabalhar com um efectivo de 78%, em São Vicente 90%, nas ilhas do Fogo, Sal e Santo Antão 100%.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviço (STCS), o suspender da greve não significa “derrota”, mas sim recuar para redefinir uma nova estratégia de luta por parte dos agentes prisionais.
“Ainda nesta luta, temos a possibilidade de veto do Presidente da República para não homologar o estatuto aprovado em Conselho de Ministros à revelia da classe que nem conhece bem os meandros deste documento”, garantiu.
Da negociação face ao estatuto e que não se chegou a nenhum acordo, João Mette, indicou como mais grave o cargo de direcção e a evolução na carreira, salientando por outro lado, que mais de trinta artigos do estatuto não foram discutidos com a classe.
O presidente da Associação dos Agentes de Segurança Prisional (AASP-CV), Bernardino Semedo, que manifestou o seu repúdio quanto à atitude do Governo em acabar com a greve através da requisição civil, afirmou que tal decisão não foi nenhuma “surpresa”.
“A luta vai continuar, pois, não está em jogo o salário como o Governo quer dar a entender. O que queremos é que decidam sobre as promoções, condições de trabalho de agentes prisionais, progressão, pré-aposentação e outros”, disse.
Segundo Bernardino Semedo, os agentes prisionais não querem ser “robot”, mas sim “excelente” profissionais, pelo que exigem maior dignidade para o estatuto da classe.
A greve de uma semana anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviço fica assim suspensa após a requisição civil de 270 trabalhadores para garantir serviços mínimos nas cadeias centrais e regionais.
De acordo com a portaria do Ministério da Justiça e Trabalho, a requisição civil terá a duração de 168 horas, compreendidas entre as 08h00 do dia 03 de Agosto e 08h00 do dia 10 de Agosto de 2020.