Covid-19 : “Só conhecemos um bocadinho dos casos que existem na comunidade”, Artur Correia

PorDulcina Mendes,20 ago 2020 2:19

O Director Nacional de Saúde, Artur Correia, disse esta segunda-feira, 17, na conferência de imprensa sobre a COVID-19, que estão a trabalhar na ponta do iceberg e que só se conhecem um bocadinho dos casos que existem na comunidade.  

“Há muito mais casos na comunidade. A maioria dos casos estão na comunidade e não estão a ser diagnosticados, isto é bom por um lado, porque a infecção na comunidade segue o seu caminho e vai produzindo imunidade nas pessoas, o que é muito bom para a comunidade. Por outro lado, não é bom porque faz também disseminar a transmissão sem conhecimento das autoridades e muitas vezes sem conhecimento das próprias pessoas”, afirma Artur Correia.

E neste sentido assegurou que não é de se estranhar se se realizarem mais testes e se encontrarem mais positivos, “esse aumento do número de casos que divulgamos todos os dias tem a ver com esse aumento do número de testes que temos estado a fazer. Passamos de 300 e tal testes por semana para 700, 1.500, e neste momento estamos com 2.300 testes por semana. Isto implica que estamos a conhecer melhor as infecções que estão na comunidade, isso não quer dizer que a situação piorou de um dia para o outro”.

Sobre os testes rápidos realizados no país, disse que já ultrapassaram os 45 mil. Quanto aos testes de PCR, já são mais de 28.900 testes realizados. Nas últimas cinco semanas, os casos passaram de uma média de 1.500 para 2.300.

“Estamos perante uma doença que tem uma regra universal aceite, que é 80%, 15% e 5%. Em que 80% das pessoas são assintomáticas e muitas delas nem sabem que estão infectadas, 15% são pessoas que necessitam de algum cuidado médico e 5% são aquelas que precisam de cuidados mais especializados e é nesses 5% que os óbitos podem ocorrer. Temos estado a verificar essa estatística ao longo desses cinco meses. O número de positivos que encontramos e que divulgamos todos os dias são daquelas pessoas que foram submetidas a testes. E se aplicarmos a regra dos 80%, isso quer dizer que estamos a diagnosticar no universo dos 20% que estão a faltar”, explicou.

Cinco meses do aparecimento do primeiro caso

Hoje, 19, faz cinco meses do aparecimento do primeiro caso confirmado de COVID-19 no país. E desde então os casos continuam a surgir e óbitos a lamentar.

Neste momento Cabo Verde contabiliza 825 casos activos, 2.390 recuperados, 36 óbitos e um total de 3.253 casos positivos acumulados de COVID-19.

Em termos globais, nas últimas sete semanas, segundo o Director Nacional de Saúde, Cabo Verde tem tido uma média de 263 casos por semana, com o mínimo de 199 e o máximo de 291. Na semana que terminou o país teve 277 casos. “Estamos num patamar há sete semanas com este perfil, numa média de 263, sendo o mínimo 199 e o máximo 291, isso a nível nacional. E a nível da cidade da Praia, que é o principal foco de transmissão, neste momento estamos num patamar desde há três semanas de 195 casos, 194, e a semana que terminou, com 193 casos”.

Em relação aos internamentos, há 829 pessoas internadas, das quais 260 estão em internamento domiciliar.É de realçar que no Sal todas as 42 pessoas estão em internamento domiciliar e não há ninguém em internamento institucional.

“Neste momento há 12 pessoas internadas, sendo sete no Hospital Agostinho Neto, dos quais três precisam de cuidados mais especiais, três no Hospital Santa Rita Vieira, que estão todos estáveis. No Hospital Francisco de Assis, na Ilha do Fogo, há dois casos”, confirmou.

Sobre os infectados na Cadeia Central da Praia e no serviço de Cirurgia, não há mais detalhes. E esta semana há o caso de uma enfermeira do Hospital da Trindade que testou positivo e que acusou os colegas de um dos hospitais de campanha, na cidade da Praia, de “descaso” nos cuidados dispensados ao filho de 15 anos, que neste momento está com infecção e em estado grave no Hospital Agostinho Neto.

Este assunto, pelos vistos, vai obrigar o Ministério da Saúde a instaurar um inquérito para saber se houve ou não negligência no caso do adolescente Fábio Ramos dos Santos, que esteve internado no hospital de campanha do Estádio Nacional, na cidade da Praia.

Já o Director Clínico do Hospital Agostinho Neto, Victor Costa, garante que tudo está a ser feito pela equipa médica para reverter o quadro clinico do adolescente.

Cabo Verde registou três óbitos, 333 casos positivos e 242 recuperados entre quarta-feira passada e esta terça-feira.

A ilha do Fogo já faz parte da lista dos concelhos com casos de COVID-19, com o surgimento de dois casos positivos. Trata-se de duas senhoras que estavam internadas há uma semana no Hospital Regional Francisco de Assis, em São Filipe.

Mundo

Segundo um balanço feito pela AFP, a pandemia da COVID-19 já provocou pelo menos 774.832 mortos e infectou mais de 21,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Por outro lado, a Rússia já anunciou a sua vacina contra COVID-19, algo que tem despertado alguma dúvida. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu que a vacina já passou em todas as verificações exigidas e que sua filha já a tomou.

Segundo a Lusa, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o planeta ainda está longe de alcançar a imunidade colectiva ao novo coronavírus que permita que um grande número de pessoas com anticorpos impeça a propagação da doença COVID-19.

Na China, o Gabinete de Propriedade Intelectual do Estado Chinês aprovou a primeira patente de uma candidata à vacina contra a COVID-19, que pode “ser produzida em massa num curto período de tempo”, adianta esta segunda-feira a imprensa local.

A vacina, que está na terceira fase de testes, desenvolvida pelo Instituto Científico Militar e pela empresa biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics, começou a ser usada no final de Junho no Exército chinês, depois de uma equipa liderada pelo pesquisador Chen Wei descobrir um anticorpo monoclonal neutralizante altamente eficiente.

Já a empresa biotecnológica polaca Biomed, anunciou esta terça-feira, 17, o lançamento da primeira fase de produção de um medicamento experimental contra a COVID-19 à base de plasma sanguíneo de mineiros que recuperaram da doença respiratória.

O fármaco começará a ser testado em fins de Outubro em vários hospitais, estimou um dos administradores da empresa, Piotr Fic, citado pela agência noticiosa AFP.  

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 977 de 19 de Agosto de 2020.

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Autoria:Dulcina Mendes,20 ago 2020 2:19

Editado porSara Almeida  em  2 jun 2021 23:21

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