Em causa, notas congeladas desde o 3º ano, bem como a suspensão das aulas por causa das dívidas da instituição aos professores.
Quem o diz é a porta-voz dos estudantes, Ângela Pinto.
“Arrancámos somente com quatro cadeiras, deveríamos ter seis disciplinas neste semestre. Não há Internet na escola, não há computadores, nem sequer tem um projector, por isso tivemos que recusar uma aula prática, que queriam leccionar de forma online, porque não há condições. Há um outro professor que suspendeu as aulas por causa das dívidas da escola. Estamos aqui abandonados”, explica.
A representante dos alunos diz que estes se sentem lesados e criticam a má organização da instituição.
“A universidade tem uma desorganização total. Estamos a ser penalizados e é algo desanimador. Estamos no final do curso, todos temos um objectivo. Eu estou empregada, mas temo pelos meus colegas que vão sair para o mercado de trabalho e sem bagagem”, denuncia.
Em Outubro, o então Secretário de Estado Adjunto para a Educação, agora Ministro, disse que a Universidade Lusófona é motivo de preocupação. Na altura, Amadeu Cruz apontava para soluções a breve prazo.
Ângela Pinto acusa as autoridades de descaso em relação à situação do estabelecimento de ensino.
“Porque estiveram, aqui viram as condições da universidade. Até a higienização aqui é precária. Estão a fazer descaso. A universidade, se calhar, já deveria estar fechada e ser encontrada uma solução para os alunos, porque isto é lamentável”, crítica.
“Estamos a tentar”
Em resposta, Lenilda Brito, administradora delegada, confirma as dificuldades da instituição, uma situação que, segundo diz atinge alunos de vários cursos.
“Estamos a tentar. E já agora, não é uma questão apenas dos alunos de Ciências da Comunicação. Em outros cursos, há algumas disciplinas para as quais ainda não conseguimos encontrar professores para este semestre”, afirma.
“Vamos aumentar a disponibilização de conteúdos na plataforma SIGA, para que tenham a parte teórica completamente coberta e as aulas mais práticas, laboratoriais, serão dadas em regime de sala de aula. Estamos ainda no processo de afectação de docentes”, acrescenta.
Lenilda Brito refere que a universidade não tem capacidade para fazer o pagamento mensal dos docentes, devido à irregularidade no pagamento das propinas, por parte dos alunos.
“O pagamento dos docentes, mensalmente, não nos é possível, porque não conseguimos ter receitas mensais que sejam fixas. Os nossos alunos continuam a pagar pouco as propinas e de forma irregular. Adoptámos o regime semestral de pagamentos, o que nos permite angariar as receitas dos alunos e obter suporte [financeiro] da Lusofóna”.
A administradora delegada da Universidade Lusófona de Cabo Verde afirma que a instituição está num processo profundo de alterações a nível pedagógico, administrativo e afasta a possibilidade de encerramento.