Continuidade no caminho seguro; novos horizontes a conquistar

PorEneida Morais,31 mai 2021 6:36

O regime politico democrático de Cabo Verde assenta na vontade popular. Tal, foi mais uma vez, validada e reforçada a 18 de abril de 2021, quando o povo cabo-verdiano, no país e na diáspora, dirigiu-se às urnas para eleger, por livre escolha, o partido que irá governar o país por mais cinco anos.

Inequivocamente, sem margem para dúvidas algumas, foi escolhido, com maioria absoluta (característica também deste modelo de governação) o partido do Movimento para a Democracia – MpD.

Não restam dúvidas, o povo escolheu o MPD para governar este país. Ora, cumprindo com todos os requisitos legais, na semana passada, a 20 de maio, o Presidente da República empossou, tanto o Primeiro-ministro, como os demais membros, que assim compõem o elenco governamental. Cumpriu-se com a vontade do povo cabo-verdiano. Assim, vai ser!

Esta escolha, justa e merecida, confiada ao MpD, irá determinar o destino deste país, durante a próxima meia década de anos. Os cabo-verdianos estão expectantes de que os compromissos assumidos pelo governo da nona legislatura (ora em contínuo), cuja, parte, interruptamente incumprida, devido às várias intempéries (a seca, a pandemia) que paralelamente acompanharam este mandato serão, com certeza, prioridades neste, que ora inicia. Aguardamos ansiosamente o Programa deste Governo e sobretudo espera-se um Programa, cujas aspirações traduzidas, serão comuns a nós todos e as estratégias para a sua concretização sejam com base na experiência da vivência de pelo menos dos últimos 5 anos, afinal a maioria da turma não é nova! Acho bem, pois, como escreve Jared Diamond (2019) “não vão precisar andar às apalpadelas, no meio a situações adversas… A familiaridade com o passado pode servir para novas orientações”.

O MpD ganhou mais um mandato, sob o lema “no caminho seguro”. É isso que os cabo-verdianos esperam, uma governança tranquila, gestão aberta, transparente, equilibrada, participativa e com resultados visíveis, principalmente nas áreas da habitação, transporte e emprego. Acreditamos que as bases já estão lançadas, já agora, precisam ser concretizadas. Para a habitação, agora, será preciso orientar-se a partir das lentes dos instrumentos/estudos do parque habitacional de Cabo Verde, elaborados na legislatura, ora finda, e tornar este mandato num mandato de efetivação de habitação, de modo a erradicar a precaridade habitacional existente, à luz da Constituição da República. O transporte aéreo também é um horizonte a ser conquistado. Temos que apostar mais na ligação aérea inter- ilhas. Há ilhas com grandes potencialidades turísticas, como é o caso de São Nicolau, que estão sendo prejudicadas por esta ausência. Obviamente que com a concretização destas duas áreas, o emprego, principalmente local, ganhará por arrastamento, para além, de apostas de maiores alcances que se poderá proporcionar nesta área. É claro que, com o cenário económico precário que paira sobre Cabo Verde e o mundo, de forma geral, vislumbram-se dias difíceis que exigem gestores públicos competentes e disponíveis a entregarem-se à causa. Os Ministros têm esta tarefa e obrigação de escolherem meticulosamente a quem irão confiar tal tarefa. O povo aguarda com atenção!

Continuar nos próximos 5 anos no caminho seguro exige, também, um bom capitão, pois o mar que se vislumbra será extenso e nada manso. A peleja será dura. O atual líder do Movimento para a Democracia, também líder deste novo elenco governamental, que soube conduzir o navio num mar, de marés bravas, com sobressaltos e onde a bússola teve que funcionar bem, para que não se perdessem a orientação, a precisão e a estabilidade, será, o mesmo comandante que avante irá com o navio, rumo a concretizações e novos horizontes; uma das razões pela sua escolha. Quem soube gerir, nacionalmente, uma crise mundial, está preparado para qualquer intempérie, mesmo não sendo ele omnisciente e nem super-homem.

É claro que, um bom comandante, quer de mar intrépidos, quer de ondas brandas, deve ser um líder, que pensa com disciplina por forma a tomar decisões fundamentadas em direção a onde se quer chegar. “E como um comandante sábio, é capaz de perceber rapidamente a mudança de circunstâncias e agir expeditamente”. Competências essas já comprovadas por UCS.

Quando se fala de um comandante firme e com capacidades de decisões, longe está de se pensar num líder absolutista e austero. Aliás, tais, só poderiam contrastar com o sistema democrático, vinculado no nosso país, desde a década de 90, graças à audácia de destemidos homens que pelejaram por isso. Neste sistema, divergências de opiniões sempre haverão, isto faz parte da condição e subjetividade humana, toleráveis até ao limite, onde se cruza a procura do objetivo comum: trabalho bem feito, reconhecimento e o sucesso do objeto, neste caso, Cabo Verde.

No entanto, o que não se pode admitir, nem na mais perfeita democracia, é quando os remadores do mesmo barco pensam em remar por lados opostos, cada um, em busca do seu próprio cardume. Nestas circunstancias, antes que o expectável naufrágio aconteça, faz-se necessário que, o comandante erga o manual das regras comuns a qualquer organização, fazendo-as valer.

A caminhada tem que ser segura (foi o prometido) e tal será possível, mesmo em ondas revoltas, o que não se pode ter, são navegantes revoltos. Há muito trabalho a fazer, portanto, limem-se as arestas, arregacem as mangas afinem a agulha magnética da bússola, eliminem os ruídos e mãos à obra! Novos horizontes a conquistar! Não podemos perder tempo. Para concluir, a todos, o conselho do grande Jared Diamond “haverá sempre um caminho para se ultrapassar os grandes desafios, sejam esses individuais, sejam das nações, basta saber escolhê-lo”.

CABO VERDE, AVANTE

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1017 de 26 de Maio de 2021.

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Autoria:Eneida Morais,31 mai 2021 6:36

Editado porAndre Amaral  em  10 mar 2022 23:20

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