Gilberto Silva fez estas declarações hoje, na Cidade da Praia, durante a sua intervenção, ao presidir a cerimónia de abertura da Xª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CNSAN), promovida pelo Ministério da Agricultura e Ambiente.
Para o governante, a segurança alimentar deve constituir “uma prioridade para os poderes públicos”, que, lembrou, têm toda a obrigação de integrar na definição e implementação das estratégias e planos de acção das organizações, sociedade civil e do sector privado.
Defendeu a necessidade de Cabo Verde reforçar a acção social e governança e acelerar a agenda de resiliência e adaptação às mudanças climáticas para fazer face a insegurança alimentar, ameaçada pela covid-19.
Destacou os ganhos alcançados em matéria da segurança alimentar e nutricional, realçando que a melhoria dos indicadores sociais associada a outras medidas contribui para a “diminuição significativa” da insegurança alimentar e grave, redução gradual da anemia, desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos e a redução da mortalidade infantil.
Para além destes ganhos concretos a nível da população, prosseguiu, registaram-se igualmente “melhorias consideráveis” no domínio da governança, asseverando que o País é dotado de uma estratégia nacional que integra as políticas públicas atinentes a estas problemáticas em todas as esferas de actuação com destaque na agricultura, pescas, saúde, educação, ambiente, trabalho e protecção social.
Entretanto, alertou, esta “trajectória positiva” está sendo ameaçada pelo impacto da pandemia da covid-19, tendo referido que a situação em Cabo Verde resulta das fragilidades do País, que é “fortemente condicionada” pelo contexto internacional desfavorável.
“A semelhança dos outros países, 2020 foi e 2021 está sendo um ano de recessão para Cabo Verde, tendo o País perdido mais de 20 mil empregos devido às restrições resultantes da pandemia da covid-19. A situação do País e do meio rural em particular já vinha sofrendo as consequências dos três anos de seca que tem impacto negativo na segurança alimentar e nutricional”, apontou.
Afiançou, neste sentido, que para Cabo Verde vencer as fragilidades e atingir o almejado nível de segurança alimentar e nutricional deve reforçar e acelerar a sua agenda de resiliência e adaptação às mudanças climáticas.
“Para isto, estamos a construir uma estratégia de forma coerente e consistente a política de água, energias renováveis, políticas de investigação aplicada para a melhoria de todos os pacotes tecnológicos utilizados na agricultura, mecanismos de financiamento para fazer face a choques externos e situações de emergência”, asseverou.
Acrescentou, por outro lado, que o País deve igualmente atacar factores que contribuem para quadro múltiplo da má nutrição, reforçando a acção social e a governança, através de acções da densificação da rede de segurança alimentar e nutricional a nível da ilhas e municípios envolvendo estruturas e organizações, cujas acções estão próximas das famílias.
“O Governo assume a sua responsabilidade de efectivar as políticas públicas ligadas a sistemas alimentares e sustentáveis e melhor nutrição para todos” garantiu, reconhecendo, no entanto, que somente com o engajamento de todos e de forma articulada e concertada, as medidas estratégicas de combate a insegurança alimentar e alterações climáticas continuarão a ser implementadas, visando alcançar os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).