Em declarações à Inforpress no final da sua visita à ilha de Santo Antão, na companhia do primeiro-ministro, Gilberto Silva assegurou que o Governo vai ultrapassar esta questão e a solução já está a caminho.
“O Governo vem actuando conjuntamente com outras autoridades em várias frentes. Em relação à praga dos mil pés já temos um projecto sobre a mesa e muito proximamente vamos assinar um acordo conjunto entre a FAO e a China, no âmbito da cooperação Sul-Sul, em que técnicos especialistas neste domínio vão ajudar Cabo Verde a continuar a desenvolver técnicas para dar combate aos mil pés”, explicou.
O ministro da Agricultura e Ambiente assegurou que o Governo já está a trabalhar em várias frentes para a resolução deste problema.
“Na questão fitossanitária o Governo, a nível nacional, mas com foco em Santo Antão, vem incentivando a transformação de produtos, portanto, se um produto não chegar fresco à Praia ou a outro ponto do País, pode chegar transformado e há total isenção fiscal para aqueles que querem dedicar-se à transformação”, pontuou Gilberto Silva.
O ministro asseverou também que o Governo tem trabalhado na estruturação dos transportes marítimos para que possam assegurar melhores condições de resposta à demanda do mercado sobretudo o turístico.
“Temos toda uma logística no campo para que os produtos possam sair e chegar em boas condições ao mercado consumidor”, garantiu Gilberto Silva, que adiantou que o seu ministério está a trabalhar com o IGTI para a certificação dos produtos agrícolas que vão sair de Santo Antão e de outras ilhas para que haja uma melhor valorização desses produtos no mercado e dentro das respectivas cadeias de valor”, frisou Gilberto Silva.
O governante acredita que todas estas frentes são “resultados concretos que vão produzir o resultado que se deseja, que é a boa distribuição e valorização dos produtos agrícolas”.
“Temos que trabalhar de forma concertada com as frentes, sendo certo que as condições que ditaram o embargo ainda não foram alteradas e temos a obrigação de proteger toda agricultura cabo-verdiana, daí a necessidade de termos esses instrumentos como o embargo”, finalizou o governante.
Por sua vez o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Orlando Delgado, enfatizou que os agricultores de Santo Antão são “penalizados”.
“Os camponeses de Santo Antão são penalizados pelo embargo imposto à circulação dos produtos uma vez que o mercado restringe-se a São Vicente e não podem concorrer em pé de igualdade com a produção que é feita a nível das outras ilhas”, mostrou o autarca ribeira-grandense.
Orlando Delgado acrescentou que “já se falou muito, já se fez o centro que não funcionou e nem serviu para os objectivos da ilha” e continuam a trabalhar conjuntamente com o Governo para que se possa “encontrar uma solução duradoura para que os produtos possam chegar ao todo nacional e para que o agricultor de Santo Antão possa concorrer em pé de igualdade com qualquer agricultor a nível de Cabo Verde”.
“Chegamos a um momento em que o agricultor é obrigado a vender o seu produto ao desbarato porque o mercado de São Vicente é disputado pelos produtores de todas as ilhas agrícolas, nomeadamente, de Santo Antão, de Santiago e de São Nicolau”, disse Orlando Delgado, que lamenta o facto de os produtos agrícolas de Santo Antão não poderem chegar às ilhas turísticas como Sal e Boa Vista.
“Entendemos que temos que salvaguardar o problema das pragas, mas há outros tipos de pragas a nível do País, por isso Santo Antão precisa continuar a debater com o Governo para que a agricultura possa ser uma forma de actividade produtiva para que possa gerar mais emprego a nível da ilha”, concluiu Orlando Delgado.