“Tenho a ideia, quando estiver instalado com mais estabilidade, de ter uma instituição que se preocupa sobretudo com a promoção do valor da liberdade, e através da liberdade também de promoção da democracia, nomeadamente em Cabo Verde”, disse .
Jorge Carlos Fonseca, de 71 anos, afirmou que é uma ideia ainda, não avançando, para já, se será um instituto, uma fundação, ou outra instituição qualquer, nem o nome e momento para o lançamento.
“Vou pensando, quando as coisas estiveram mais próximas, mais sólidas, por enquanto é um projeto, porque fiz um percurso de vida e, sobretudo, pelo menos nos últimos 40 anos, tenho trilhado caminhos sempre à volta da procura deste valor”, prosseguiu.
O ex-Presidente, que terminou funções em novembro de 2021, avançou que vai procurar os meios necessários para este projeto, que considerou que será importante, sobretudo para os tempos de hoje, quando se assiste à guerra na Ucrânia, bem como outras atrocidades e destruições.
Neste sentido, defendeu ser “fundamental que os amantes da liberdade se unam, sejam coesos, para que mundo seja cada vez mais de liberdade, de paz, de concórdia e de tolerância”.
“A minha ideia central é continuar a contribuir para que a cultura da liberdade e a cultura da democracia se enraízam cada vez mais em Cabo Verde, se alargam, se estendam, de forma que a sociedade cabo-verdiana consiga ter progresso social, económico e cultural, mas sempre preservando uma forma coletiva de vivência atravessada pelo valor da liberdade”, completou.
Além dessa instituição na forja, Jorge Carlos Fonseca promete continuar ligado à atividade de escritor, mas também às universidades e ao meio académico, referindo que já recebeu convites nesse sentido de universidades portuguesas, de Espanha, de países da América Latina e de Itália.
Assim que tiver instalado o escritório a que tem direito como antigo Presidente da República, esperando que seja em breve, avançou que vai também ter intervenções em eventos e nas escolas.
Depois de passar por algumas ilhas do país, já está programado estar com a comunidade cabo-verdiana no Luxemburgo, em 01 de julho próximo, no quadro das comemorações do dia da independência nacional, em 05 de julho.
“Continuarei a promover eventos que têm a ver com a promoção da liberdade, da democracia, da cultura da Constituição, dos valores da paz, da harmonia e da tolerância. Esta atividade cívica e cultura será praticamente permanente”, garantiu.
Jorge Carlos Fonseca foi Presidente da República de Cabo Verde durante dois mandatos de cinco anos cada, entre 09 de setembro de 2011 e 09 de novembro de 2021, apoiado pelo Movimento para a Democracia (MpD, no poder), e foi substituído por José Maria Neves, que foi apoiado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).
Com uma intensa actividade literária e obras publicadas em vários países, Fonseca foi ainda o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, na segunda República, de 1991 e 1993, após o período do partido único, funções em que viu o arquipélago ser eleito para o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Licenciado em Direito e mestre em Ciências Jurídicas, pela Faculdade de Direito de Lisboa, é ainda jurista nas áreas de Direito Penal, Processual Penal e Constitucional, jurisconsulto, professor universitário, tendo também sido agraciado como várias medalhas e títulos de doutor “Honoris Causa” por diversas instituições de ensino.
Cabo Verde já teve mais três Presidentes da República, desde a independência de Portugal em 1975, sendo o primeiro o já falecido Aristides Pereira (1975 - 1991) por eleição indireta, seguido do também já falecido António Mascarenhas Monteiro (1991 – 2001), o primeiro por eleição direta, e em 2001 foi eleito Pedro Pires.