​Mobilidade nas ilhas da Boa Vista e Sal aumenta desigualdades no acesso à educação e ensino à distância – consultora

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,1 jun 2023 9:35

A mobilidade de pessoas nas ilhas da Boa Vista e do Sal e da costa ocidental africana aumentou as desigualdades de condições de acesso à educação e dificultou o ensino à distância, revela o estudo do Impacto da Covid-19 na Educação.

A constatação foi feita pela consultora Catarina Delgado, esta quarta-feira, à margem do workshop da Rede Nacional da Campanha de Educação para Todos (RNCEPT-CV), e no âmbito da “Apresentação do Estudo do Impacto da covid-19 na Educação, nos casos da ilha da Boa Vista e Sal”, uma investigação feita em parceria com o Ministério da Educação e Câmara Municipal da Boa Vista (CMBV).

Conforme a consultora, a elaboração desta pesquisa justifica-se pela necessidade de entender as desigualdades e os problemas sociais que aconteceram a nível da educação durante a pandemia, ou seja, as perdas de aprendizagem.

Segundo a especialista, os estudos indicam que quando há estes problemas os alunos que ficam ausentes das aulas quando regressam têm sempre perdas na aprendizagem.

Catarina Delgado explicou ainda que o estudo solicitado foi também para entender as perdas e desigualdades no acesso ao ensino à distância, projecto patrocinado pelo Ministério da Educação.

Com a investigação, segundo indicou a mesma fonte, pretendeu-se avaliar o grau de participação das famílias no apoio às crianças durante o período antes e durante o encerramento das escolas, bem como as ajudas que crianças do pré-escolar e as com Necessidades Especiais tiveram durante este mesmo período.

“O estudo que abarcou estas duas ilhas deixou em evidência a preocupação com aquilo que já se referiu, que a covid-19 aumentou as desigualdades, mas de certo modo retirou as máscaras das desigualdades que existem na sociedade, tanto a nível social como económico”, afirmou, assinalando que se pode verificar que as famílias não tinham as mesmas condições de acesso ao ensino à distância.

A nível dos testes de diagnósticos aos alunos, em que se recomenda as suas aplicações a cinco semanas do início do ano lectivo para avaliar o conhecimento e as dificuldades que os alunos têm para se poder fazer o reajuste curricular, Carla Delgado disse que os grupos de discussão, constituído por pessoas da sociedade civil, como delegados, professores, coordenadores, pais e encarregados de educação envolvidos no projecto, evidenciaram que o programa “Aprender a estudar em Casa” foi uma boa medida, mas que nem todos tiveram condições para acompanhar o ensino à distância.

A mesma fonte especificou que com o programa “Aprender a Estudar em Casa” institucionalizado pelo Estado, e mesmo com a campanha de oferta de televisão, nem todos tiveram acesso a este equipamento.

E no caso das ilhas da Boa Visto e do Sal, por haver grande mobilidade de pessoas da costa ocidental africana, como a nível nacional entre as ilhas, esclareceu que esta distribuição não foi efectiva, já que as pessoas estão em constante mobilidade.

O estudo revelou ainda que, em alguns casos, o telemóvel foi o meio de comunicação mais utilizado para acesso ao programa “Aprender a Estudar em Casa”, mas, entretanto, os meios utilizados para a divulgação dos conteúdos pedagógicos foram a televisão e a rádio, e que nem todos os alunos tinham acesso à cobertura da rede, luz eléctrica e ou internet para que se pudesse assistir ao programa.

Por isso, Catarina Delgado reiterou que o estudo veio revelar que se retirou a máscara das desigualdades de condições de acesso à educação, e no ensino à distância, nomeadamente, no acesso à televisão, internet e rede eléctrica.

Daí que a equipa da consultoria do projecto deste estudo sugere que que se identifique estas pessoas, se crie um programa para a inserção das mesmas na comunidade, com o fundamento de quando acontece essas mobilidades frequentes as crianças que acompanham os pais terão um novo ambiente escolar.

“Então isso não é fácil também para o próprio Ministério da Educação fazer a planificação para o desenvolvimento da educação”, pontuou, concluindo que há que se desenvolver um programa adequado para conhecer estas pessoas e lhes apoiar a sua integração na sociedade.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,1 jun 2023 9:35

Editado porFretson Rocha  em  25 fev 2024 23:28

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