Os hotéis cabo-verdianos receberam em 2022 um recorde de 835.945 turistas e mais de quatro milhões de dormidas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
Como refere o relatório de Movimentação de Hóspedes em Cabo Verde em 2022, o número de hóspedes do ano passado ultrapassou o recorde anterior – 819.308 turistas em 2019, antes da pandemia de covid-19 – um crescimento de 394%, quando comparado com os 169.068 turistas em 2021.
Em 2022 registaram-se ainda 4.088.412 dormidas, números, porém abaixo dos registados em 2016 (4.092.551 dormidas) e do recorde de 2019, 5.117.403 dormidas.
O principal mercado emissor de turistas em 2022 foi o Reino Unido (258.422, equivalente a 30,9% do total das entradas), seguido da Alemanha com 11,5%, Países Baixos com 10,5%, Portugal com 10,5% e França com 5,6%. O total de cabo-verdianos a procurar unidades hoteleiras do país no ano passado representou 5,6% do total (46.647 pessoas).
Em relação às dormidas, o Reino Unido com 35,3% também liderou, seguido da Alemanha com 12,6% e dos Países Baixos com 10,5%. Os turistas britânicos lideraram igualmente no tempo de estadia, com uma média de 5,6 noites.
A ilha do Sal continuou a liderar a procura, com 61,8% do total das entradas, seguida da Boa Vista com 21,0% e Santiago com 9,3%.
No ano passado, Cabo Verde já tinha sido considerado um dos países mais acolhedores do mundo, uma lista feita pela Arton Capital que “mede” os países cujas portas estão mais abertas, – pelo menos em termos de vistos – numa lista de 199 nações. A classificação é actualizada em tempo real, à medida que são implementadas novas isenções e alterações de vistos.
Cabo Verde é um dos destinos preferidos dos portugueses para a Páscoa
Em 2022, os 88.141 turistas portugueses distribuíram-se principalmente pelas ilhas do Sal (77,2%), da Boa Vista (11,6%) e Santiago (7,2%). Este ano, dados das principais agências de turismo portuguesas mostram que a procura de viagens internacionais está a crescer, com Caraíbas e Cabo Verde no topo das escolhas.
Segundo a eDreams, empresa internacional de viagens online, os números são claros: nesta Páscoa, há “um aumento de 30% na procura de viagens dos portugueses, em comparação com o mesmo período do ano passado”, refere o Público. E os destinos são Paris, Funchal, Ponta Delgada, Barcelona e Londres — destinos de proximidade que em pouco variam de anos anteriores.
O mesmo se verifica na Agência Abreu, com Pedro Quintela, director de vendas e marketing, a dizer ao Público que a escolha de destinos desta Páscoa “segue em linha com as tendências de anos anteriores”, ainda que para outras paragens. Caraíbas, Cabo Verde, ilhas espanholas e Disneyland Paris na dianteira, seguindo-se Brasil e Ásia.
Os destinos de “calor e praia” continuam a ser os preferidos nas marcas da Wamos Portugal, com as Caraíbas na liderança e Cabo Verde também no topo das preferências, sendo que Maldivas e Dubai, “dois destinos que cresceram bastante em tempos de pandemia”, mantêm “uma procura elevada”.
Esta procura da Páscoa indica que “este Verão os portugueses vão querer mais”, conclui Pedro Quintela, da Agência Abreu.
Cabo Verde quer diversificar o turismo
Há cerca de duas semanas, na Feira Internacional de Turismo de Berlim – que voltou a ser presencial – Cabo Verde já tinha mostrado que teve uma boa recuperação pós-pandemia. E segundo o presidente do conselho diretivo do Instituto do Turismo, os bons resultados não terão sido por acaso. O investimento do Governo nas infraestruturas e segurança sanitária durante a pandemia da Covid-19 terá gerado confiança no mercado.
“Quando falo dos investimentos públicos, refiro-me sobretudo às melhorias consideráveis a nível dos hospitais e dos centros de saúde. Em relação aos investimentos privados, em 2021, com o relançamento da actividade turística, Cabo Verde contou com mais 1.700 camas que não tinha antes da pandemia. Portanto, os investimentos privados também continuaram em Cabo Verde”, disse Humberto Lélis à DW.
Sustentabilidade é agora um dos conceitos para o futuro do turismo cabo-verdiano. “A ideia é que os elementos ligados à questão da qualificação humana, à questão do aprimoramento dos recursos humanos e fazer com que o turismo cada vez mais se traduza em mais e melhores rendimentos para as famílias são o processo que está a decorrer neste momento. Mas também temos a decorrer várias iniciativas no domínio ambiental, da proteção dos recursos naturais,” enumerou o dirigente do Instituto do Turismo.
O outro é a diversificação da oferta. Ou seja, somar ao sol e praia da Boa Vista e do Sal as peculiaridades de outras ilhas. Daí os investimentos nas Redes de Caminhos de Pedestres nas ilhas de Santiago, do Fogo, Brava, Santo Antão e São Nicolau, que abrem as portas ao nicho do trekking, trail e ciclismo. E há ainda a aposta nas aldeias rurais.
“É um trabalho que estamos a fazer. Primeiro, há um trabalho a nível das estruturas básicas – por exemplo, estradas de acesso, melhoria do saneamento e abastecimento de água. Mas há também um trabalho de estruturação da oferta turística que o próprio Instituto do Turismo está a desenvolver”, explicou Humberto Lélis.
Além do número de visitantes, dados anteriores já tinham mostrado que as receitas da taxa turística, em 2022, atingiram os 735,1 milhões de escudos e que os aeroportos de Cabo Verde movimentaram mais de 2,1 milhões de passageiros também no ano passado.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1113 de 29 de Março de 2023.