Em declarações à imprensa à saída da audiência com o vice-presidente da Assembleia Nacional, Armindo Luz, que recebeu o documento, o membro do Conselho Regulador, Alfredo Pereira, disse que da análise aos serviços noticiosos das rádios e das televisões contatou-se que a região de Santiago Sul continua a ser a zona mais noticiada, aqui em Cabo Verde, seguida de São Vicente, Sal e Fogo.
“Santo Antão, Brava, Maio e São Nicolau são ilhas que praticamente desaparecem no panorama das notícias em Cabo Verde. Então, uma das recomendações para os órgãos da comunicação social é no sentido de uma maior diversidade geográfica”, explicou, adiantando que a amostra que serviu de análise abarcou os serviços noticiosos da Rádio de Cabo Verde (RCV), a Rádio Morabeza e Rádio Comercial e os telejornais da Televisão de Cabo Verde (TCV), da Record e da Tiver.
Alfredo Pereira adiantou que outro aspecto ressalvado no relatório referente ao ano de 2022 é a questão relativa aos actores, frisando que aqueles que normalmente fazem parte do cenário noticioso em Cabo Verde são, sobretudo, actores das formações político-partidárias.
“Nós achamos que é preciso que os órgãos da comunicação social procurem uma maior diversificação em relação a esses actores. Normalmente temos sempre os mesmos actores, ministros, o Presidente da República, o primeiro-ministro e em relação às autarquias os presidentes de câmaras. Talvez também seja tempo de dar voz a outros actores como vereadores, secretários de Estado e outras personalidades que fazem parte da vida política e social”, vincou Alfredo Pereira.
O relatório apontou que mais de 50 por cento (%) dos temas que são tratados a nível da comunicação social têm a ver com a política nacional, que é seguida da política internacional e “alguma coisa” relacionada ao desporto.
Por isso, a ARC considera que é necessário apostar também na diversificação das temáticas e dar destaque a outros temas considerados relevantes, como cultura, sociedade civil e saúde, por exemplo.
Ainda a nível do pluralismo político, o conselheiro da ARC chamou a atenção para o facto de os partidos políticos sem assento parlamentar ficarem, na maioria das vezes, fora do cenário mediático cabo-verdiano, existindo órgãos em que a ausência é total durante o ano.
O membro do conselho regulador da autoridade reguladora adiantou que neste particular a entidade tem registado queixas, tendo no ano de 2022 dirimido cerca de uma dezena de conflitos que opuseram os actores políticos aos órgãos de comunicação social.
No total, segundo Alfredo Pereira, foram analisados 30 serviços noticiosos das rádios e 30 serviços noticiosos das televisões que constituíram as amostras do estudo.
A entrega do referido relatório é efectuada nos termos da alínea c) do nº2 do Artigo 72º dos Estatutos da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social, aprovados pela lei no 106/IX/2020, de 14 de Dezembro.
O mesmo aponta que a ARC envia à Assembleia Nacional para discussão, precedida de audição, na comissão parlamentar responsável pelo sector da comunicação social, dos membros do Conselho Regulador, um relatório anual que aborda o estado do pluralismo político ou partidário.