O embarque dos migrantes, na sua maioria senegaleses, abrigados desde o dia 15 na escola Ramiro Figueira, na zona 8/24, nos Espargos, teve lugar no início desta tarde. Também os sete que se encontravam hospitalizados, regressaram a bordo deste aparelho militar deslocado propositadamente para o repatriamento dos mesmos.
Em declarações à Inforpress, o delegado da Saúde local, José Rui Moreira, garantiu que os indivíduos estavam “bem restabelecidos, aptos a viajar”.
Um migrante, que se encontra com problemas renais, e foi evacuado para o Hospital Agostinho Neto para hemodiálise, ficou internado naquele estabelecimento de saúde, devendo ser repatriado posteriormente.
Entretanto, os corpos de outras sete pessoas, já sem vida e que permaneceram até agora em câmara fria, a aguardar o processo de transladação para o seu país, não seguiram a bordo, tendo sido enterrados hoje, “com dignidade, cada um no seu caixão”, no cemitério de Pedra de Lume.
O representante da comunidade Senegalesa, Medoune Naiaye, que durante estes dias tem servido de intermediário para se saber os detalhes desta tragédia, considerou “missão cumprida”, assegurando que o processo de repatriamento decorreu “muito bem”.
Medoune Naiaye agradeceu todo o empenho dos profissionais de diferentes sectores, e o apoio humanitário concedido aos migrantes, que agora regressam à casa.
Os migrantes aventuravam-se numa piroga, proveniente da costa norte do Senegal,e foram resgatados no mar por um navio pesqueiro de nome Zillarri, de bandeira espanhola, a uma distância de cerca de 150 milhas a nordeste da ilha do Sal, tendo ancorado no Porto da Palmeira no passado dia 15.
A ocorrência de embarcações com migrantes chegando à costa, tem-se tornado cada vez mais frequente em Cabo Verde.
O caso mais recente ocorreu em Janeiro deste ano, quando uma piroga aportou na ilha da Boa Vista com 90 migrantes africanos a bordo, incluindo dois indivíduos já falecidos.