“Os meus votos são de esperança num ano de 2024 muito melhor para todos, tanto nas ilhas como no mundo inteiro”, começou a mensagem do Chefe de Estado.
Depois, o Presidente da República falou na crise estrutural global, a qual ainda não se sabe quando vai acabar nem como vai acabar. “São tempos difíceis, de crise e de estagnação, e com um retrocesso histórico na democracia. A sensação é a de que a insensatez impera, e que vozes autorizadas, como as do Secretário-geral das Nações Unidas ou do Papa Francisco, têm pregado no deserto”.
“É patente a necessidade de um mundo mais humano e orientado para o bem comum. Precisamos, como de pão para a boca, de uma nova governança mundial”, disse o Chefe de Estado.
PR deixou o apelo para que haja confiança e alento para acreditar que 2024 será um ano de paz e do fim dos conflitos “com evidente desprezo pela vida humana”.
“Repudiamos os ataques maciços infligidos à população civil indefesa, com massacres de mulheres e crianças, só comparáveis ao pior que aconteceu durante a segunda guerra mundial. Cabo Verde defende a Carta das Nações Unidas e o Direito Humanitário. Desejamos intensamente que terminem as situações coloniais anacrónicas de ocupações ilegais de territórios”, sublinhou José Maria Neves.
Depois, numa mensagem mais virada para dentro, o PR disse ambicionar um 2024 com menos pobreza, menos desemprego e menos desigualdades sociais, “que são fenómenos corrosivos, para qualquer sociedade”.
“Que estejamos determinados a encontrar os melhores caminhos, principalmente para a redução da pobreza extrema, eliminando a insegurança alimentar e as condições de vida degradantes, garantindo uma existência mais digna para todos os cabo-verdianos”, referiu.
Outro desafio, disse José Maria Neves, transversal à sociedade, é a questão da insegurança e da criminalidade. “Esperamos mais sucesso nesta luta, a bem de um clima de maior tranquilidade e harmonia social”.
No sector da Educação, PR avisou que é preciso melhorar a qualidade, e examinar as reivindicações, “nomeadamente as dos professores”. Na Saúde, para o Chefe de Estado, “há que encetar esforços conducentes a uma melhor avaliação da prestação dos serviços disponibilizados aos utentes, com vista à sua melhoria, garantindo maior eficácia e eficiência”.
Nos Transportes, marítimos e aéreos, “face à regressão que se constata, auguramos que aconteçam melhorias significativas durante este ano”, lembrou também o Presidente.
As reivindicações de vários grupos profissionais não foram esquecidas, com o PR a desejar que possam merecer a devida atenção, “pois, muitas delas parecem ser justas”. E o diálogo deve servir para encontrar soluções para as divergências. “Por outro lado, é requerida uma revisão da política salarial do Estado, para que haja maior equilíbrio e justiça entre os diferentes grupos profissionais”, acrescentou José Maria Neves.
O PR reforçou que Cabo Verde tem que melhorar a produtividade e a competitividade da economia. “Nos próximos anos, devemos dispensar uma atenção especial aos oceanos, sendo fundamental a sua protecção e também potenciar todos os recursos marinhos”, disse.
O ambiente não foi esquecido, com o PR a considerar que a COP28 abriu uma porta de esperança de um mundo livre de energias fósseis e capaz de atingir a ambicionada neutralidade carbónica em 2050. “Cabo Verde orgulha-se de iniciar esta caminhada, desde 2008. A aceleração da acção climática, a implementação do índice de vulnerabilidade, o financiamento climático e ambiental, são anseios de todos, principalmente dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, ou seja, dos mais vulneráveis e dos mais afectados, incluindo o nosso país”.
“Que o Novo Ano traga, para todos, mais paz, mais amizade e mais irmandade. Mais oportunidades e mais prosperidade”, reiterou o mais alto magistrado da nação.