Há muita gente a viver numa redoma, numa espécie de condomínio fechado

PorSara Almeida,28 dez 2024 8:50

Dom Ildo Fortes, Bispo do Mindelo
Dom Ildo Fortes, Bispo do MindeloFoto: Diocese do Mindelo

Num momento em que, segundo a Afrosondagem, a confiança dos cabo-verdianos nas instituições, incluindo nos líderes religiosos, está em queda, Dom Ildo Fortes reflecte sobre os desafios da Igreja e da sociedade contemporânea. Não sentindo essa quebra na sua vida pastoral, o Bispo do Mindelo contextualiza-a numa sociedade marcada pelo individualismo e pelo declínio geral das instituições. A conversa abordou ainda as relações humanas num mundo cada vez mais virtual, mundo esse a que a Igreja não está alheia e onde procura um lugar “ao serviço do evangelho”. Olhando esta sociedade algo alienada, onde a pobreza envergonhada de muitos convive com a riqueza de alguns, e onde cada um está cada vez mais centrado em si mesmo, o Bispo lembra que o amor e a solidariedade são o caminho para a felicidade humana. Nesta altura do ano, também não podia faltar a tradicional mensagem natalícia, em que Dom Ildo exorta à reflexão, num mundo em guerra fragmentada, e a que este “seja um Natal do ser, e não do ter”.

O recente estudo da Afrosondagem mostra que a confiança dos cabo-verdianos nas instituições caiu a pique. Entre elas, estão os líderes religiosos, que tinham a confiança de 64% dos cidadãos em 2022 e agora, só de apenas 45%. Como interpreta este fenómeno?

Não vi esses dados. Mas, primeiro, é preciso perceber que, em Cabo Verde hoje em dia já temos uma realidade multiforme dentro da religião. Temos a Igreja Católica, que é mais antiga, mais clássica, e temos pastores das diversas novas Igrejas e seitas que vão aparecendo. Hoje, temos inclusive a realidade do Islão, que é nova em Cabo Verde. Depois, penso que há que considerar o seguinte: o homem do nosso tempo vive um grande afastamento de tudo o que é instituição. É só ver, por exemplo, quando fomos chamados a ir às urnas, a quantidade de gente que não está interessada no sistema político, nas organizações, e, de facto, penso que tudo ‘apanha por tabela’, quer falemos do Estado, do Governo, de outras instâncias e organizações, também a nível do desporto, e a Igreja faz parte da sociedade. A Igreja não é uma realidade fora da sociedade. Ela é feita de elementos humanos. Portanto, a instituição como tal está a passar por uma fase muito difícil. As pessoas querem ser religiosas, mas não acredito que sejam mesmo religiosas. Muitas vezes, dizem que têm fé, mas não necessariamente se identificam com uma instituição. Para elas, a fé é algo pessoal, algo entre elas e Deus, que vivem como entenderem. Prova disso é que estamos a registar um aumento do número daqueles que dizem não ter fé. Não temos de ser contra. Alguém sem religião, portanto é problema dele. Eu não aprovo, nem desaprovo. Mas não tinha conhecimento desses dados sobre os líderes religiosos.

Então, há um afastamento da própria religião?

A pessoa pode ter religião fora da instituição. A instituição é uma igreja organizada, com regras. Portanto, há um afastamento da instituição religiosa.

Mas sente a quebra de confiança no seu dia-a-dia pastoral?

É um assunto complexo. Eu, por exemplo, vim recentemente de uma longa visita pastoral, na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, Santo Antão, onde passei por todas as aldeias que se possa imaginar. Foram caminhadas de três, quatro horas a pé, e a alegria de receber o bispo é indescritível, é enorme. E não apenas entre os nossos fiéis, mas também na população em geral. Fui às escolas, polícia, delegacias de saúde, entre outros, e nota-se que a presença do pastor, do bispo, é muito querida pelas pessoas. Em momento algum encontrei, digamos, aversão. Essa não é uma experiência que eu tenha tido na minha vida pessoal.Fui hoje [dia 20 de Dezembro] ao Hospital Baptista de Sousa, onde celebrei uma missa com os doentes e os profissionais de saúde. Entrei em algumas enfermarias para levar uma bênção de Natal, uma mensagem de paz e de esperança e as pessoas estão muito abertas e receptivas. Portanto, não sei qual é o fundamento desse estudo, porque há-de depender muito de quem é inquirido. Os dados valem o que valem. Não noto isso, mas acredito que, neste mundo onde há um grande relativismo e cada um tornou-se o “centro”, pode haver sim uma maior dificuldade em lidar com as instituições. E claro, um líder religioso está ligado a uma instituição. Se a instituição é posta em xeque, evidentemente também aqueles que estão à frente, que dão a cara.

Olhando a nossa sociedade, cada vez mais digital. Natal é um momento de convívio e partilha. Como acha que essa relação com os ecrãs e redes sociais virtuais está a afectar as relações humanas?

Telemóveis e não só. Todo o esquema que nós temos hoje montado, o mundo do mercado, e que infelizmente é um algo permanente. A pessoa precisa de atenção no Natal, e precisa de atenção quando está doente, num momento feliz da sua vida, numa conquista que alcançou. Os telemóveis, o mundo virtual, podiam ser — e são — bons instrumentos, mas, infelizmente, têm vindo a substituir o contacto pessoal. Há gente que diz que tem muitos amigos, milhares de amigos, que recebe uma quantidade enorme de likes. Mas, no momento da verdade, quando surge um problema sério, quem é que está realmente por perto? Ainda são aqueles com quem convivem em casa, e pouco mais. Estamos num mundo global, portanto, há uma grande globalização, mas, como o Papa Francisco costuma dizer, é uma globalização da indiferença. Tudo se passa neste mundo virtual, onde não preciso expressar necessariamente os meus sentimentos, onde não há o olhar nos olhos, o toque da mão. Aquilo que é, ou deveria ser, uma solidariedade presente, um carinho, muitas vezes fica de fora. E o Natal, a meu ver, tornou-se um acontecimento externalizado e acultural. A pessoa não precisa ter fé nem acreditar em Nosso Senhor Jesus Cristo para dizer que celebra o Natal. Já há muitos anos que é assim. O Natal tornou-se uma festa da sociedade, uma festa da cultura. Ainda assim, sem deixar de ser, acima de tudo, uma festa para os crentes que celebram a vinda do Filho de Deus ao mundo. O Natal é a celebração do nascimento de Jesus. É bom que quem tem fé, que vai à Igreja, aproveite esta ocasião para reunir a família, fazer uma festa, partilhar uma boa refeição e até trocar prendas. Acho isso muito belo. Mas, quando o Natal se reduz apenas a isso, torna-se, a meu ver, uma pobreza. Estamos rodeados de coisas, e o mundo insiste em convencer-nos de que o ‘ter’ é mais importante do que o ‘ser’. Nesta época, vemos campanhas de empresas de telemóveis, stands de automóveis e de tantos outros setores a apelar ao consumismo desenfreado. Tudo gira em torno do mercado e do que podemos adquirir, e isso acaba por desvirtuar o verdadeiro sentido do Natal. O Natal é o amor manifestado em gestos. Tirar um pouco do nosso tempo para visitar um hospital, um lar de idosos ou uma senhora que mora sozinha. Então, o apelo que eu faço muitas vezes neste momento é para que a gente possa inventar um outro Natal. Aquele Natal à maneira de Nosso Senhor. Ele veio e preferiu andar com quem? Com os que estavam em dificuldade, os desfavorecidos, os pobres, os doentes. E mais, o mundo precisa saber que a felicidade do ser humano, a felicidade de um homem e de uma mulher, necessariamente passa por estar mais disponível para amar e servir do que para receber. Ao contrário do que o mundo diz. Há muitas pessoas infelizes à nossa volta, sem sentido para a vida, porque não se aperceberam que foram feitas para ser solidárias, para dar, para amar. E cuidado com as redes sociais que criam um mundo de fantasia, um mundo que não existe. O mundo real é esse onde nós encontramos, com os pés no chão.

Em termos de espiritualidade, relacionamento com o próximo e solidariedade, acha que as redes sociais estão a afastar ou aproximar as pessoas?

Eu acho que a rede social é um instrumento, um meio. Falo por mim: é um meio que utilizo para chegar a muitas pessoas e comunicar, para trazer mais perto. Por exemplo, ontem mesmo estava a falar com uma amiga minha que está no Brasil e que há muito tempo não vejo. Há poucos dias, recebi uma mensagem de uma pessoa que foi minha antiga paroquiana, que me contou como está, sobre os filhos que teve e o trabalho que agora desempenha. Nesse sentido, as redes sociais permitem-nos aproximar de pessoas e estar actualizados. Por isso, tudo depende do uso que cada um faz destes meios. O meio, em si, não é bom nem mau. É apenas um instrumento.

Mas como avalia esse uso? Por exemplo, muitas famílias jantam juntas, mas cada um no seu telemóvel?

Concordo que as redes sociais têm causado muito dano. Têm prejudicado as relações entre marido e mulher, pais e filhos, e amigos. Como diz, quantas vezes estamos numa reunião ou à mesa e, de repente, o telemóvel está lá, verificando mensagens? Estamos mais com aqueles que estão ausentes do que com quem está presente. Nesse sentido, há alguma falta de formação e educação, uma grande alienação. As pessoas estão alienadas neste mundo virtual, dando mais valor ao que brilha instantaneamente do que ao que está ao seu lado. Eu, por norma, quando atendo alguém ou estou numa eucaristia, o meu telefone não existe. Muitas pessoas dizem que não ligam para não incomodar, mas o meu telefone tem um botão para desligar. É preciso valorizar, de facto, o rosto da pessoa ao nosso lado e dar tempo a quem está presente, em vez de vivermos na ilusão de estar conectados com um grande número de pessoas online. Os likes e as interacções nas redes sociais nem sempre são o que parecem.

Em termos de espiritualidade e para a religião, neste caso católica, como este novo mundo virtual têm funcionado?

Eu admiro muito as dioceses que têm boas páginas, tanto no Facebook quanto no Instagram. Acho que, no nosso caso, deveríamos explorar ainda mais esse meio, pois tem muitas vantagens. Contudo, em relação aos nossos fiéis, especialmente após a pandemia, muitos passaram a substituir a presença na igreja pela participação virtual. Durante a pandemia, quando não podiam ir à missa, as pessoas começaram a acompanhar as missas e conferências no Facebook. Agora, alguns perguntam se a missa será transmitida, e, se for, preferem ficar em casa a ir à igreja. Esse é um grande problema, pois a transmissão virtual não pode substituir o acto de estar presente, de viver a experiência em comunidade, estar lá com as pessoas. Temos observado que muitas pessoas se afastaram porque se refugiam no mundo virtual em vez de estar presente na sua comunidade. Há perdas. Tudo tem a ver com a disponibilidade e as circunstâncias. Uma coisa é quando estou doente ou a trabalhar e não consigo estar presente, mas consigo acompanhar a minha comunidade de alguma forma. Hoje em dia, com as transmissões, isso é possível. Nós, por exemplo, temos a Escola Universitária Católica que oferece muitas formações e cursos. A sede está na Praia e há um polo em Mindelo, mas temos fiéis na Boa Vista e em São Nicolau que não conseguem deslocar-se para participar em uma formação presencial de meses ou anos. Hoje, graças a essas possibilidades, conseguem participar, mesmo no nível da formação teológica. Esses meios são uma forma de chegar a muita gente, e penso que há muito a ganhar com isso.

A própria Igreja está a tentar lidar com esses novos tempos, a aproveitar essas vantagens?

A Igreja tem, obrigatoriamente, que lidar com isso, se não, não percebeu a sua missão. Eu acho que a nossa Igreja em Cabo Verde ainda está muito aquém neste campo. Precisávamos explorar mais as potencialidades que estes meios oferecem para alcançar mais pessoas. Estive recentemente no Sínodo dos Bispos, em Roma, que durou um mês, com cerca de 400 bispos do mundo inteiro e com o Papa, e onde se falou muito do mundo digital ao serviço do evangelho. Há pessoas que precisam ser escutadas, que estão com problemas, que só se encontram nesse mundo. O computador e o smartphone são o seu mundo. Se nós não entrarmos nesse espaço, não vamos conseguir alcançar uma franja da população. O mundo digital também é um mundo onde o evangelho pode circular e a mensagem cristã pode chegar, especialmente para aqueles que só estão lá. Há dias, vi uma mensagem de uma igreja, penso que da Suíça, sobre uma experiência. Criaram uma igreja virtual, onde um robot fazia o papel de padre. As pessoas podiam ir até lá, confessar-se e até receber conselhos do robot. Parece que houve muita adesão.

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A Igreja Católica aprova isso? A Inteligência Artificial pode substituir um sacerdote?

Parece que houve muitas reacções contra isso, mas aquilo foi um ensaio, uma experiência para perceber qual seria o impacto. O que se vê é que muita gente aderiu. Mas a Igreja não aprova porque os sacramentos jamais podem ser substituídos. Seja o baptismo, a eucaristia ou a confissão, não se pode substituir o sacerdote. Agora, se uma pessoa está isolada, sozinha numa ilha, ou numa cela de prisão, e consegue ter acesso a um sacerdote que a pode ouvir, isso já é diferente. Mas do outro lado tem de estar uma pessoa. A máquina é apenas um instrumento. A Igreja ainda não aprova a realização dos sacramentos no mundo virtual, de maneira alguma.

Passando a um olhar mais geral sobre a sociedade cabo-verdiana. O que mais o preocupa na sociedade actual?

Preocupa-me muito o caminho que estamos a seguir, com as pessoas cada vez mais centradas em si mesmas, à procura do prazer e do interesse próprio, sem querer conviver com contrariedades. Por trás disso, o que vemos é um aumento da violência no nosso país. Eu sei que não é um tema agradável, mas num país tão pequeno como Cabo Verde – e é preciso perceber que Cabo Verde é tão pequenino - , precisamos perceber o número de casos de violência doméstica, Quantas mulheres têm sido assassinadas pelos seus companheiros. Os suicídios também são preocupantes. Recentemente, ao viajar de Santo Antão, alguém me contou sobre jovens a suicidarem-se. Tudo isso é um sinal claro de que a dignidade humana está em maus lençóis. Há um trabalho a fazer para reconhecer que cada ser humano tem direito à sua dignidade. Todos devemos ter consciência disso, começando por aqueles que estão à frente do país, como os nossos líderes políticos e governantes. Eles devem trabalhar para o bem das pessoas, para uma maior justiça, fraternidade e bem comum.

Está-se a perder o djunta mon?

Sim, está a perder-se o djunta mon, a dimensão da sociedade se organizar para ajudar. No entanto, há coisas bonitas que não podemos ignorar. Não devemos olhar para tudo com uma lente tão negativa, que não possamos ver as coisas bonitas. Muitas vezes, ao andar por aí, vejo pessoas a se juntar para ajudar os outros, e isso é algo muito positivo. No entanto, precisamos de mais iniciativas como essas. A verdade também é que há um grande desenvolvimento económico para alguns e, ao mesmo tempo, a pobreza grassa entre nós. Estamos a viver em um país de grandes contrastes. Gente que está muito bem na vida, e gente que está cada vez pior. Cresce a pobreza no país. Quer agrade ou não, há gente pobre. E há vergonha. O cabo-verdiano não gosta de mostrar a sua pobreza. É uma coisa envergonhada, mas há. A Igreja tem feito o seu papel no terreno, com as suas Cáritas, e há famílias a passar por momentos muito difíceis. No entanto, o que se vê é um crescente egoísmo, com o mundo a tornar-se cada vez mais centrado em si mesmo. Vive-se quase que numa espécie de condomínio fechado, onde, desde que a pessoa e os seus estejam bem, tudo parece estar bem.

A sociedade está a viver num condomínio fechado?

Há muita gente a viver num condomínio fechado, sim. Muita gente que fica numa redoma, com o seu conforto e os outros que se “desenrasquem”, passo a expressão. Preocupa-me ver homens e mulheres centrados em si mesmos, a querer ter o que querem a tudo o custo. Muito da violência, assaltos, roubos e corrupção que vemos tem a ver com essa mentalidade de querer ter para si, custe o que custar. Ora, o bem maior que se pode ter é a pessoa, não as coisas.

De onde vem essa mentalidade? É uma coisa global e somos também afectados, é alguma falha educativa nas famílias?

Tudo isso. Por um lado, somos influenciados por aquilo que nos chega e em qualquer canto de Cabo Verde, mesmo a aldeia mais remota, há acesso fácil às redes sociais, ou às televisões. Portanto, há um padrão de vida que se apregoa que é falacioso, enganoso. Somos influenciados por aquilo que se passa no “primeiro mundo” e ninguém quer ficar para trás. Além disso, há um grande défice em Cabo Verde daquilo que é a educação. Educação em todos os sentidos. A educação básica começa na família. Mas, muitos miúdos não crescem com os seus pais. Há muita gente que gera filhos, e os avós tentam fazer o que podem. Pais que se remitiram da sua responsabilidade de educar, de ajudar os perceber o que está bem ou mal, é certo ou errado. Quando não há educação para os valores, vemos cenas e comportamentos, no dia-a-dia, que reflectem isso. E também não há educação a outros níveis. Na via pública assistimos a coisas que são preocupantes, como barulho, queixas de vizinhos… Portanto, não há educação, não há respeito pelo Outro. Como disse um pensador, ‘num mundo sem educação vão matar-se uns aos outros’. Isso reflecte-se também em espaços como o parlamento, onde deve haver respeito pelo adversário, mesmo com divergências. O exemplo de educação vem de cima: dos pais, dos líderes religiosos e políticos. Hoje, enfrentamos uma grande carência de referências, tanto familiares quanto sociais e políticas.

Isso remete-nos ao início da nossa conversa, à queda de confiança nas instituições. Então acha que as instituições não estão a dar bom exemplo?

Mais do que instituição, são as pessoas. Por exemplo, eu mesmo reconheço que há coisas que estão erradas na nossa Igreja, mas não tenho que pôr em cheque os líderes da igreja. Sabemos dos escândalos e abusos que ocorreram, principalmente na Europa. Hoje em dia, podemos dizer que a Igreja na Europa está muito debilitada, mas não se pode dizer o mesmo, se calhar na Ásia ou Cabo Verde.

Não se pode generalizar?

Não se pode generalizar e devo dizer eu não sinto falta de confiança dos nossos crentes na Instituição Igreja, na nossa religião. Sinto que há indiferença, pessoas que dizem não ter fé, mas isso não significa que não confiem. Tanto é que, repare-se, os nossos jardins de infância estão cheios de crianças, as escolas da Igreja não têm espaço para mais alunos. São muito procuradas. As instituições da Igreja são de confiança. Pode haver um problema mais isolado, somos humanas, mas não se pode cair assim numa generalização. Eu sublinho é a diferença das pessoas que estão em cada uma. Tal como há também políticos sérios, mesmo que haja os que deixam a desejar.

Para terminar, que mensagem de Natal, neste mundo complexo?

A mensagem que gostaria de deixar neste Natal é o convite à reflexão. E reflectir é olharmos o mundo como está. No mundo actual, vemos muitos conflitos, a cada hora surge mais um drama, mais um problema. Na Síria, na Ucrânia, Gaza, Líbia, em várias partes da América Latina... o Papa Francisco tem dito que a Terceira Guerra Mundial já começou, a chamada “guerra aos pedaços”, um bocadinho aqui, acolá... Neste Natal, em vez de nos distrairmos com o barulho das luzes e das festas, é importante pensar no futuro do nosso mundo e da nossa terra. Porque Natal também deve ser pensar e reflectir. Aumenta cada vez mais o número de diversões, programas, mas é preciso parar um bocadinho. Dedicar tempo à família, fazer algo diferente e significativo, como assistir a um bom filme, ler um texto que nos ajude a reflectir, se és crente, ir à igreja. Em vez de presentes materiais, oferecer o que temos de mais valioso: o nosso tempo, um sorriso, um gesto de solidariedade. Visite uma pessoa isolada, doente, ou uma família que precisa de apoio. Este é o verdadeiro espírito do Natal: sair de nós mesmos e ir ao encontro dos outros. Num mundo marcado por tanta guerra, tantos problemas, isso vai fazer um bocadinho de diferença. Em vez de ser um Natal de ter, que seja um Natal de ser.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1204 de 24 de Dezembro de 2024. 

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Autoria:Sara Almeida,28 dez 2024 8:50

Editado porAntónio Monteiro  em  24 jan 2025 21:20

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