​Espécime Lagarto Gigante integra colecção científica da UTA

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,19 fev 2025 14:22

O Presidente da República entregou hoje, formalmente, o espécime Lagarto Gigante, conservado, à Universidade Técnica do Atlântico, em São Vicente. O Chioninia coctei, uma espécie de réptil endémica de Cabo Verde que se extinguiu no século XX, foi restituído ao país em Setembro de 2017 pelo Príncipe Alberto II do Mónaco e, desde então, permaneceu sob a tutela da Presidência da República, na cidade da Praia.

A entrega formal foi feita por José Maria Neves. Para o chefe de Estado, este ato constitui um alerta para a necessidade de preservar a biodiversidade do país, onde algumas espécies se encontram em vias de extinção.

"É uma chamada de atenção a todas as cabo-verdianas e a todos os cabo-verdianos para a necessidade de preservar as espécies, de trabalhar para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e de conhecer toda a extraordinária riqueza natural e cultural das ilhas. E é uma forma de darmos visibilidade ao trabalho que os investigadores, as universidades e as organizações não governamentais estão a realizar", diz.

Raquel Vasconcelos, professora na Universidade de Coimbra, em Portugal, teve a oportunidade de estudar os exemplares no Museu do Mónaco e constatou que este animal desempenhava um papel importante, por exemplo, para as plantas de Cabo Verde, uma vez que transportava sementes e pólen.

A investigadora defende que o desaparecimento do lagarto, há mais de um século, devido às secas cada vez mais frequentes e à sobreexploração resultante da recolha de exemplares para museus europeus, deve servir de alerta.

"A extinção deste lagarto tem de ser um lembrete vital de que os seres humanos também precisam de inúmeros seres vivos para se manterem neste planeta. Temos a obrigação moral de proteger todos os seres vivos deste planeta que estavam cá antes de nós, para travar o desaparecimento de mais espécies. A prioridade deve ser dada às espécies que já estão ameaçadas de extinção e, infelizmente, estas são geralmente espécies insulares e únicas, endémicas, como, por exemplo, a Osga-Gigante, que, infelizmente, já desapareceu de Santa Luzia. Encontra-se agora muito confinada aos Ilhéus Branco e Raso. Se nada fizermos, será mais uma vítima da nossa acção humana", alerta.

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O espécime de Lagarto Gigante pertence agora à Coleção BioCatalog, projecto de catalogação da biodiversidade do Instituto de Engenharia e Ciências do Mar, da Universidade Técnica do Atlântico. Evandro Lopes, biólogo, professor e responsável pela Coleção BioCatalog da UTA, explica que o lagarto é o primeiro espécime da colecção.

"Iniciámos o projecto em 2017 já com a ideia de ter o lagarto como espécime número um da Colecção. As diligências foram feitas pelos meus colegas e, ao recebermos o espécime em Cabo Verde, foi uma alegria total. Agora, anos depois, chega aqui à nossa casa. Para nós, é um marco muito importante", refere.

Em 1902, o Príncipe Alberto I do Mónaco recolheu cinco exemplares do Lagarto Gigante de Cabo Verde no Ilhéu Branco. Cento e cinquenta anos depois, em 2017, o seu neto, o Príncipe Alberto II, ofereceu um desses espécimes ao então Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, sendo agora formalmente entregue à UTA.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,19 fev 2025 14:22

Editado porAndre Amaral  em  4 mar 2025 9:20

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