Os dados foram apresentados pela administradora executiva do INMG, Denise de Pina, na tarde desta segunda-feira, na cidade da Praia.
"Existe uma forte probabilidade de que tanto o início como o fim da estação sejam tardios. Considera-se que a estação das chuvas se instala quando há precipitação acumulada superior a 20 milímetros em três dias consecutivos. Este ano, prevêem-se sequências secas prolongadas, tanto no arranque como no término da campanha agrícola. Ou seja, poderemos ter mais dias consecutivos sem chuva do que o normal", afirmou.
Além do atraso, as previsões apontam para chuvas com tendência deficitária em relação à média climatológica.
Segundo o INMG, "os trimestres de Junho, Julho e Agosto, e de Julho, Agosto e Setembro, deverão registar precipitações próximas ou abaixo do normal. A média climatológica para Junho a Agosto é de cerca de 106,7 milímetros, enquanto para Julho a Setembro é de aproximadamente 244 milímetros".
"Outro ponto importante de referir é a forte probabilidade de ocorrência de eventos extremos na nossa região do Atlântico serem acima da média (tempestades tropicais, chuvas intensas, ventos fortes e agitação marítima), e que podem atingir todo o arquipélago com magnitudes diferenciadas", acrescentou a responsável.
Entretanto, a fraca precipitação esperada poderá também comprometer a recarga dos aquíferos, o que terá impacto na disponibilidade de água em todo o país.
"Com base nas previsões pluviométricas para este ano, é possível antever uma fraca recarga dos aquíferos, o que afectará significativamente a disponibilidade de água para consumo humano, abeberamento de animais e uso agrícola", alertou a responsável.
Denise de Pina nota, contudo, que, apesar da diminuição prevista na recarga subterrânea, o volume de água explorado anualmente não tem sofrido grandes alterações, “devido ao aumento do investimento público e privado em perfurações, sobretudo em zonas com algum potencial hídrico”.
As previsões do INMG resultam de um consenso sazonal entre técnicos de vários países da região África-Sudano-Saheliana. O relatório indica ainda que a actividade ciclónica e a ocorrência de eventos climáticos extremos no Atlântico poderão estar acima da média este ano.