“A média climatológica para o período 1991-2020 é de 240 milímetros e a média desde ano é de 278 milímetros, ou seja, ligeiramente acima na ordem dos 15%”, referiu.
Os números batem certo com as previsões que apontavam para uma temporada com pluviosidade normal ou acima da média.
Tal como noutros anos, Santo Antão (média de 495 mm) foi a ilha com mais chuva e Sal a mais seca, com a precipitação média acumulada a ficar limitada a uma altura de 30 milímetros.
O país só deverá voltar a receber chuva daqui a nove meses, salvo em lugares mais altos, pelo que a precipitação que costuma cair entre Julho e Outubro é determinante para parte da produção agrícola e pastagens, assim como para renovar nascentes.
Este ano ficou caracterizado por chuvas mais tardias.
Apesar de a época ter arrancado em 08 de Julho, dentro do intervalo habitual, seguiu-se “um longo período de seca”, explicou Denise de Pina, uma fase que só seria contrariada em Setembro e Outubro.
Os meteorologistas estão a estudar a influência de um novo fenómeno oceânico.
“Este ano houve um fenómeno sem precedentes” semelhante ao ‘La Niña’, só que no oceano Atlântico, referiu a meteorologista.
O nome costuma ser dado a um arrefecimento cíclico do oceano Pacífico, que depois influencia as correntes atmosféricas em todo o mundo.
“Este ano houve águas mais frias que o habitual no Atlântico e talvez isso tenha condicionado” a época das chuvas em Cabo Verde, fazendo com que a precipitação tenha ocorrido mais tarde, quando o mar aqueceu o suficiente para fazer subir a humidade, criando nuvens.
Aquela ocorrência inédita está “em estudo” para se tentar entender “as suas origens e frequência”, acrescentou.
Com o fim da época das chuvas o país entra agora na fase seca, conforme o padrão anual.
A partir de Novembro e até Março, surge a probabilidade de ocorrência de bruma seca, dias com maior concentração de poeiras do deserto do Saara, em circulação de África para o Atlântico, com Cabo Verde sob este caminho natural pela atmosfera.