O alerta surge perante o risco de o país perder a certificação de território livre da doença, caso se repitam casos de transmissão local nos próximos anos.
“Quando há casos, é importante fazer uma pesquisa para saber onde está e acabar a transmissão muito rápido. Depois é muito importante também uma luta multissectorial”, afirmou Ann Lindstrand, em declarações aos jornalistas, após reunião com o Primeiro-ministro, sobre combate ao paludismo e outras doenças transmitidas por mosquitos.
De acordo com a representante da OMS, não basta envolver apenas o sector da saúde.
“Agora também é o Ministério de Agricultura, Ministério da Educação, todos os sectores sociais trabalhando também com a comunidade para compreender a importância que temos. A luta anti-vectorial é um sujeito para todos, para proteção”, reforçou.
O alerta surge após Cabo Verde ter registado, em 2024 e 2025, casos de transmissão local de malária na Praia, concretamente na zona da Fonton. “
Se temos no mesmo lugar três casos em 2026, o país pode perder a certificação de ser livre de malária”, avisou Lindstrand.
Segundo a responsável, a vulnerabilidade é elevada, uma vez que a população cabo-verdiana tem baixa imunidade.
“É uma doença onde uma criança pode brincar de manhã e ser morta à noite. Pode chegar muito rápido. Como não havia muita malária há muito tempo, a imunidade da população é muito baixa”, alertou.
Em Janeiro deste ano, Cabo Verde registava 30 casos de malária, metade importados e metade locais.
Para a OMS, o mais preocupante não são os casos vindos de fora, esperados numa sociedade aberta e com grande circulação de pessoas, mas sim os de transmissão interna.
“O que é importante é identificar esses casos e depois fazer uma intervenção ao lado dos casos para acabar a transmissão para a população daqui”, frisou.
A responsável recordou ainda que o combate à malária é simultaneamente uma acção de emergência e de longo prazo.
“É uma luta de longo prazo, uma limpeza, uma luta anti-vectorial onde tem água estagnada, é importante eliminar, e o tratamento como a pulverização das casas onde tem foco. Sabemos como fazer, temos que fazer”.
Apesar da prioridade ser a malária, a OMS também alerta para a necessidade de manter vigilância sobre outras doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, sobretudo no período das chuvas.