Em declarações aos jornalistas, no final de um encontro que reuniu o Primeiro-ministro, organizações não-governamentais e outras entidades sobre a situção sanitária da Cidade da Praia, Jorge Figueiredo afirmou que a sessão foi “extremamente produtiva”, permitindo auscultar preocupações relativamente à época das chuvas e à vulnerabilidade de várias ilhas.
Segundo o governante, a situação que o país vive hoje pode pôr em perigo o certificado que recebeu o ano passado da Organização Mundial da Saúde, recordando que Cabo Verde foi reconhecido como país livre do paludismo.
“Estamos a trabalhar afincadamente, primeiro para não termos mais casos, segundo para defender com garra esse certificado que ganhámos”, afirmou.
O ministro informou que, desde Agosto, não se registam novos casos do paludismo. Até então, tinham sido contabilizados 31, dos quais 15 eram locais. Um dos episódios mais recentes foi identificado na Boa Vista, envolvendo um paciente originário de Santa Catarina, cuja situação foi prontamente investigada.
Para além do paludismo, Jorge Figueiredo apontou outros perigos decorrentes da acumulação de lixo e de águas estagnadas.
“O lixo é que proporciona um mau saneamento. A acumulação de pneus, de garrafas e de objectos que podem depositar água são extremamente complicados para diversificar os focos onde os mosquitos podem evoluir. Um local limpo é um local limpo”, frisou.
Questionado sobre a ausência do presidente da Câmara Municipal da Praia, Jorge Figueiredo disse que os contactos com todas as autoridades nacionais, ocorre com a frequência necessária e a Delegacia de Saúde da Praia trabalha directamente com representantes do município, como trabalhou o município de São Vicente com as estruturas locais.
“Portanto, o que solicitamos que a Praia faça é executar a rotina que ela deve fazer diariamente, que é a limpeza da Praia. Seria um grande contributo. Portanto, as autoridades políticas não foram ainda chamadas, porque as autoridades políticas exigem que se execute, ou que execute, os programas para os quais foram irendos”, explicou.
O ministro referiu ainda que o município da Praia dispõe de recursos financeiros para responder ao problema.
“Entre 2020 e 2025, a Câmara da Praia foi doptada com cerca de 3,1 milhões de contos para funcionamento e 250 mil contos para investimentos na área do ambiente. Caso determinasse a prioridade para o saneamento, teria financiamento suficiente para comprar camiões, depósitos e criar um sistema eficaz”, afirmou.
Jorge Figueiredo sublinhou também a importância de rever o sistema de gestão de resíduos na capital.
“Nós pensamos, seriamente, que a Praia precisa de refazer o seu sistema de serviços prestados à cidade, que vai desde a recolha do lixo, do transporte do mesmo, da sua deposição e, por que não, o tratamento do próprio lixo. Grande parte do lixo pode ser tratado, pode ser reciclado, pode reentrar no processo e ser economicamente útil para a Praia”, apontou.