Artistas do Quintal das Artes, em Mindelo, impediram esta segunda-feira a entrada de máquinas no espaço onde a Câmara Municipal de São Vicente pretende instalar, de forma provisória, o mercado de peixe. O grupo contesta a falta de diálogo e de socialização do projecto, por parte da autarquia, que, segundo os artistas, quer impor um plano sem consulta prévia.
Alcindo Vasconcelos, presidente da Comissão Instaladora da Associação dos Artesãos, explica que o projecto apresentado pela Câmara não corresponde ao que foi inicialmente discutido.
“O que está em causa é que a forma como vieram com o projecto não foi o que nos apresentaram quando reunimos com a Câmara, em Março. Agora, dizem que assinámos um contrato do projecto, mas isso não é verdade. Não assinámos nenhum contrato, apenas um documento para a realização de trabalhos no espaço. O projecto nunca nos foi mostrado, e gostaríamos de participar na sua elaboração, não que nos seja imposto um plano fechado. Por isso, fechámos a porta para não entrarem aqui”, afirmou
Os artistas afirmam que o plano apresentado condiciona o exercício das suas actividades enquanto o mercado estiver em funcionamento.
“Enquanto estiverem aqui a vender peixe, não poderemos realizar determinados trabalhos. Ficamos limitados, porque não podemos usar materiais como o poliuretano ou tintas e diluentes, que são incompatíveis com o manuseamento de alimentos. A nossa fonte de rendimento é o nosso trabalho, se não pudermos produzir, como é que vamos sobreviver?”, questiona Alcindo Vasconcelos.
O presidente da Comissão Instaladora da Associação dos Artesãos sublinha que os artistas estão abertos ao diálogo e pedem garantias de que o espaço possa continuar a ser usado de forma partilhada, sem comprometer as actividades de ambos os grupos.
Noutra Frente, adianta que, por parte das peixeiras, existe uma proposta alternativa para que o assentamento provisório seja feito na zona da Torre de Belém, voltada para o cais de pesca, uma solução que, segundo defendem, ofereceria melhores condições de higiene e funcionalidade.
Na mesma linha, o advogado que representa a Associação dos Artesãos, Rogério Ramos reforça o apelo à negociação entre as partes.
“O que os artistas pedem é transparência e concertação para uma solução equilibrada. Estamos a falar de artesãos com 25 a 30 anos de trabalho no espaço — outros há mais de 10. O local foi ocupado de boa-fé e, sendo público, há trâmites legais que a Câmara poderia seguir, não apenas para beneficiar os artesãos, mas também as peixeiras”, defende.
A Rádio Morabeza tentou obter uma reação da Câmara Municipal de São Vicente, mas tal não foi possível até ao momento.
homepage







