A posição do maior partido da oposição, que votou a favor da medida, foi manifestada na noite de ontem, no “Jornal de Domingo” da TCV, pelo deputado Walter Évora.
“Nós estamos a sentir enganados e defraudados por parte do senhor ministro das Finanças. O ministro das Finanças foi ao parlamento, deu ao PAICV todas as garantias de que não haveria aumento do preço do leite, de que era uma medida que iria impulsionar um sector em particular da nossa economia e que ia criar postos de trabalho”, diz.
O parlamentar afirma que o PAICV constata um aumento do preço do leite e tomou conhecimento de que “há uma relação muito perigosa entre o ministro e a única empresa que neste momento está a beneficiar dessa medida de agravamento da importação do leite em Cabo Verde”.
Walter Évora refere-se a Tecnicil- empresa da qual Olavo Correia foi administrador e que iniciou este ano a produção de lacticínios.
“Queríamos chamar atenção à Nação para esse assunto. Nós esperamos que o ministro vá ao parlamento para responder sobre um assunto que é de extrema importância para o nosso país”, conclui.
O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, já rejeitou um "problema de ética" com aumento de direitos sobre lacticínios.
A proposta que aumenta os direitos de importação para lacticínios e sumos de fruta foi aprovada em Dezembro, com votos a favor do MpD e do PAICV, e entrou em vigor a 1 de Janeiro.
O leite e derivados, como as natas, que de acordo com a antiga pauta aduaneira pagavam 5% de direitos de importação, passaram a pagar 20%, enquanto os iogurtes naturais e com frutas adicionadas passaram de 20% para 25%.
Os sumos de frutas não fermentados passaram de uma taxa aduaneira de 30% para os 35%.