"Quanto mais nos atacam mais fortes ficamos", garantiu, hoje, Ulisses Correia e Silva, negando a saída do ministro das Finanças, Olavo Correia, por causa do alegado favorecimento da empresa de que foi administrador.
"Eu não tenho de falar em função do que a oposição quer. O que eu tenho a dizer é que se trata de uma cabala política claramente, motivada por uma lei que foi aprovada pelo parlamento com os votos do PAICV. Uma proposta da Câmara de Comércio de Sotavento", começou por apontar o Primeiro-ministro para quem todo este caso não é mais que há "uma encenação à volta deste tema no sentido de incriminar um ministro com objectivos políticos muito claros". "Não há aqui inocência relativamente a esta investida que o PAICV tem estado a fazer", apontou Ulisses Correia e Silva à saída da reunião que teve com o Presidente da Assembleia da República de Portugal, Ferro Rodrigues.
Quanto a possíveis problemas éticos que possam surgir por o ministro das Finanças ser accionista de uma das empresas que beneficia desta nova legislação, o Primeiro-ministro questiona: "Qual é o impedimento ético? Há uma proposta de lei que vem da câmara de comércio que vai ao parlamento e é aprovada. Não é aprovada pelo ministro, nem por despacho do ministro, nem pelo governo e essa lei diz que há agravamento de algumas taxas aduaneiras relativamente a alguns produtos. É preciso ver que essa lei é dirigida à industria e não a uma empresa em concreto, porque há outras empresas que operam no sector e outras poderão vir a operar no sector".
"Só uma ligação maldosa pode provocar esta relação de causa-efeito de uma lei a uma pessoa em concreto", acrescentou.
Quanto à possível saída de Olavo Correia do governo, o Primeiro-ministro foi taxativo: "Podem tirar o cavalinho da chuva. Isso não vai acontecer. Nós não vamos dar resposta àquilo que a oposição quer em termos desestabilização do próprio governo".
A polémica em torno de Olavo Correia começou depois de ter sido aprovada, no Parlamento e no âmbito do Orçamento do Estado para 2018, de uma lei que aumenta as taxas de importação de lacticínios e seus derivados e também sobre os sumos de fruta. Após a aprovação desta medida proteccionista, com os votos favoráveis de MpD e PAICV, o maior partido da oposição começou a acusar o ministro das Finanças de favorecimento à empresa de que foi administrador antes de assumir a pasta das Finanças.
No passado dia 1 de Março a agência Lusa noticiou que Olavo Correia é detentor de 5% do capital da Tecnicil Indústria e de 5% da Tecnicil SGPS, o que levou o PAICV, durante a sessão parlamentar, a sugerir a demissão de Olavo Correia dos cargos de vice primeiro-ministro e de ministro das Finanças.