O Presidente da República disse ontem, em conferência de imprensa de antevisão da cimeira da CPLP que o futuro do Instituto Internacional da Língua Portuguesa vai ser analisado durante o encontro que se realiza na próxima semana no Sal.
Jorge Carlos Fonseca explicou que se reuniu com a actual directora executiva do instituto e conversaram “com toda a frontalidade”. “Ela expôs-me o que pensa sobre o IILP. Sugeri-lhe que, tendo a possibilidade de o fazer durante a Cimeira, fosse tão frontal como foi comigo. Não tem sentido fazermos um discurso sobre a importância do IILP e da língua portuguesa, haver compromissos financeiros dos Estados e depois esses compromissos não serem assumidos de facto”.
O Presidente da República destacou que a directora do IILP, Marisa Mendonça, durante o encontro, explicou a situação financeira da instituição que dirige: “ela falou-me de 30 mil contos de orçamento e quase o triplo em dívidas”. “Não se pode trabalhar assim”, comentou Jorge Carlos Fonseca. Por isso, defendeu o presidente da República, “ou os países entendem que o IILP é importante e têm que assumir os compromissos que têm ou pode-se pensar também em novos modelos de financiamento, isto é, que não seja apenas o financiamento das quotas dos Estados membros, mas financiamentos de outro tipo de instituições e organizações”.
Outra possibilidade que pode vir a estar em cima da mesa é o desaparecimento do Instituto Internacional da Língua portuguesa, e a assumpção das funções do IILP “por outro tipo de organismos no quadro da CPLP”, uma posição que Jorge Carlos Fonseca diz não defender e que garante não ser a posição que Cabo Verde vai levar para a cimeira do Sal mas que “é uma hipótese que, como tese, se pode colocar”.
Novos observadores na CPLP
A entrada de novos países com o estatuto de observadores associados da CPLP e de delegações de vários países “é um bom sinal”, entende o Presidente da República. “A CPLP tem uma característica curiosa que é esta: não há um cidadão de um país membro da CPLP que não seja crítico. É quase um pecado não fazer críticas à CPLP. Nós achamos que isto é um sinal de exigência para se ter uma comunidade mais prestigiada, mais credível, mais actuante. Mas ao mesmo tempo vemos pedidos de estatuto de Estado e instituições não estatais como observadores e associados”.
Actualmente, Geórgia, Hungria, Japão, República Checa, República Eslovaca, República da Maurícia, Namíbia, Senegal, Turquia e Uruguai constituem o bloco de países observadores associados da CPLP. Um grupo que em breve será alargado se a candidatura da Associação de Estados Ibero-Americanos for aceite.
“Nós fizemos esta candidatura nos prazos, por volta de Abril/Maio. Desde que o escritório (da OEI em Portugal) abriu este tem sido um dos grandes objectivos” a realizar pela organização, disse à Lusa a directora do escritório em Portugal da OEI, Ana Paula Laborinho.
A candidatura à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa surgiu “de forma natural”, segundo a responsável, que sublinhou que o escritório em Portugal da OEI só abriu em Janeiro de 2018.
“Tenho grande expectativa que a candidatura venha a ser aprovada na cimeira que decorrerá na Ilha do Sal, em Cabo Verde, em meados do mês de Julho”, acrescentou.
De acordo com a responsável, “já existia um convénio com a CPLP” e a OEI tem “trabalhado activamente e participado também activamente em todas as iniciativas da CPLP”.
“Portugal é membro da OEI desde 2002, mas só agora é que houve este impulso para uma presença aqui de um escritório que permite um trabalho continuado e uma aproximação muito maior entre Portugal e todos outros países que compõem esta organização, quer do ponto de vista bilateral, quer do ponto de vista multilateral”, acrescentou.
Ana Paula Laborinho afirmou que Portugal “representa um vértice importante, na medida que é o único país que, ao mesmo tempo, está na União Europeia, na CPLP e na Ibero-América”.
A directora da OEI referiu ainda que os temas da educação, ciência e cultura são primordiais para a organização ibero-americana.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 867 de 11 de Julho de 2018.