​Cabo Verde quer Rússia como parceiro na transformação económica

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,3 jul 2019 12:29

Jorge Santos
Jorge Santos

Cabo Verde quer a Rússia como um parceiro na transformação do país num espaço da "economia de circulação" e numa plataforma de prestação de serviços de alto valor acrescentado no Atlântico Médio e na sub-região Africana. O trabalho está a ser desenvolvido de forma conjunta, disse hoje o Presidente da Assembleia Nacional.

A declaração foi feita por Jorge Santos, durante o seu discurso na Conferência Rússia/Africa, que decorre em Moscovo.

Durante a sua intervenção, o chefe da casa parlamentar destacou a amizade e cooperação que, segundo diz, caracterizam as relações entre Cabo Verde e a Federação Russa.

De acordo com Jorge Santos, a cooperação entre os dois países data dos primórdios da independência, marcada por acções concretas e que muito contribuíram para o desenvolvimento do arquipélago.

O responsável lembra que as relações culminaram, em Maio deste ano, na assinatura do acordo de isenção mútua de vistos de curta duração em passaportes ordinários, do acordo para a abertura de Consulado Honorário de Cabo Verde em Moscovo, com jurisdição sobre toda a Rússia, assim como a convergência de pontos de vista para privilegiar o foco na cooperação económica e empresarial - turismo, transportes/conectividade, logística de combustíveis, economia do mar – e cooperação técnico-institucional nos sectores do ensino superior, da saúde, da segurança e defesa.

“São acções que materializam um plano de cooperação que nos permitirá atingir novos patamares no nosso relacionamento”, diz.

Alterações climáticas e migração

As questões mundiais não passaram ao lado do discurso de Jorge Santos, que destacou dois temas: as alterações climáticas e os efeitos imediatos no processo de desenvolvimento africano e mundial, e o fenómeno migratório que afecta o mundo neste momento.

Sobre o primeiro, o presidente da Assembleia Nacional defende que o aquecimento global e os seus efeitos deveriam constituir a principal preocupação dos governantes de hoje.

“Os seus efeitos são evidentes: a atmosfera e os oceanos se aqueceram e condicionam o estilo de vida que construímos. Os fenómenos meteorológicos extremos estão a tornar-se cada vez mais comuns. A pluviosidade é cada vez mais irregular e, bastas vezes, acompanhada de fenómenos destrutivos. As inundações se sucedem a secas severas e a disponibilidade de água para a vida começa a ser preocupação global. As vagas de calor aumentam ano após ano”, aponta.

Jorge Santos lembra que os cientistas têm estudado estes fenómenos e propuseram medidas de correcção que devem ser adoptadas para diminuir ou anular, a prazo, os efeitos do aquecimento sobre da Terra. Lamenta, entretanto, que “os políticos continuam reticentes em adoptar as medidas que se impõem”.

“A África, entretanto, por albergar um grande número de nações mais vulneráveis, deve se posicionar do lado correto da história e insistir na correcção do percurso”, defende.

No que se refere ao fenómeno migratório, Santos destaca os dramas de gentes que buscam verdadeiras oportunidades de vida noutras latitudes, mas que “são tratados em condições infra-humanas e muitas vezes vão ao encontro da morte, na busca da vida”.

“Na verdade, a desigualdade no acesso a bens e serviços mínimos à escala global, a globalização da informação, a necessidade de evoluir e ter uma existência melhor, o desrespeito pelos direitos humanos mais fundamentais e o fenómeno da corrupção e do tráfico, constituem as principais razões para este êxodo”, realça.

Para o chefe da casa parlamentar, a solução estará certamente na construção de um verdadeiro desenvolvimento a nível dos estados de origem desses fluxos migratórios, no engajamento das suas elites com compromissos de boa governação e uma opção clara na boa utilização dos recursos da nação.

Jorge Santos participa na Conferência Parlamentar Rússia-África a convite de Vyacheslav Volodine, Presidente da DUMA do Estado da Assembleia Federal da Federação Russa.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,3 jul 2019 12:29

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  25 jan 2020 23:20

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