O anúncio foi feito esta quinta-feira na Assembleia Nacional, pelo ministro da Economia Marítima, Paulo Veiga, ao ser confrontado pela oposição, durante a sessão parlamentar, com a necessidade de retoma das ligações marítimas regulares com o continente africano.
“Estamos a incentivar investidores privados a colocarem barcos nesta ligação. Temos uma empresa cabo-verdiana que tem um barco que está na região oeste africana, que queremos que passe a fazer esta ligação e a desenvolver esta linha. E também estamos a incentivar os porta-contentores que passam aqui para se fazer esta linha”, disse o governante.
O Acordo de Livre-Comércio Continental Africano (AfCFTA, na sigla em inglês), que pretende criar uma zona de comércio livre nos 55 países da União Africana, entrou em vigor em Julho passado e foi inicialmente ratificado por 24 países.
A adesão de Cabo Verde à AfCFTA foi ratificada em Fevereiro, pelo parlamento, tendo o ministro da Economia Marítima assumido esta quarta-feira o objectivo desta ligação marítima ao continente: “Tirar vantagem da zona de comércio livre”.
Aquele acordo pretende estabelecer um enquadramento para a liberalização de serviços de mercadorias e tem como objectivo eliminar as tarifas aduaneiras em 90% dos produtos entre os países africanos. O AfCFTA permitirá criar, em várias fases, o maior mercado do mundo com um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado a ascender a 2,5 biliões (milhões de milhões) de dólares (cerca de dois biliões de euros).
Além desta ligação, o governante cabo-verdiano sublinhou que ao nível da Comunidade Económica de Países da África Ocidental (CEDEAO) há ainda um projecto, a lançar este ano, para ligar todos os portos costeiros da região: Cabo Verde, Senegal e Costa do Marfim.
“Nós tivemos, em finais de 2019, um encontro aqui. O plano está a ser finalizado para haver financiamento, a privados, para podermos fazer essa ligação. Esse projecto é incluído dentro do projecto ‘Praia – Dakar – Abidjan’, de vários milhões de dólares, que inclui autoestradas, ferrovias e transporte marítimo”, acrescentou.
Quanto à ligação directa e regular entre Cabo Verde e Dakar (Senegal), Paulo Veiga explicou que actualmente não existe, sendo garantida apenas esporadicamente, apesar da importância da ligação ao restante continente africano, para garantir o comércio externo do arquipélago.
“Para nós é extremamente importante ligar Cabo Verde, por via marítima, com a CEDEAO, porque só assim faz sentido o grande projecto que é a Zona Económica Especial Marítima [em São Vicente], que é ligar e transformar Cabo Verde num ‘hub’ logístico no Atlântico Médio”, concluiu.