A confirmação da demissão foi feita ao Expresso das Ilhas por Paulo Veiga. “Venho, por meio desta nota, informar que apresentei ao Senhor Primeiro-Ministro o pedido de exoneração do cargo de Ministro do Mar”, confirma Paulo Veiga numa curta nota onde além de confirmar a saída da equipa do governo anuncia que vai regressar ao cargo de deputado à Assembleia Nacional.
Para explicar a sua saída, Paulo Veiga refere que acredita “ em coerência política e acredito que a minha saída é, no presente contexto, a decisão mais acertada, considerando vivermos um momento delicado no nosso país, que exige um Governo politicamente forte”.
“Esta é uma decisão irreversível, que seguirá agora os trâmites formais”, ou seja, Paulo Veiga aguarda agora que Ulisses Correia e Silva apresente o pedido de exoneração do ministro do Mar ao Presidente da República para, depois, anunciar quem assumirá a pasta.
Na nota, Paulo Veiga, destaca que “ao longo do tempo em que exerci funções governativas, na anterior e actual legislatura, trabalhei com seriedade, compromisso e espírito de missão”.
“Alcançámos resultados importantes, mesmo em contextos altamente desafiantes”, reforça.
“Assegurarei a transição de pasta, para que todos os processos em curso possam ser acolhidos tranquilamente pela futura tutela”, conclui.
Paulo Veiga assumiu a pasta de ministro da Economia Marítima em Janeiro de 2020, após a saída de José Gonçalves do governo. Até então Veiga era secretário de Estado daquela pasta.
No governo desde 2020
Na data em que tomou posse após a saída de José Gonçalves, Veiga anunciou que “as grandes políticas já estão desenhadas, agora é implementá-las” e esclareceu que o seu objectivo é “concluir a implementação dos transportes marítimos interilhas, fazer com que o sistema funcione. Iremos também ter a privatização dos portos, acompanhar e acelerar as infraestruturas que estão a ser construídas, em especial o porto do Maio, que é uma parte muito importante para que o sistema de transporte marítimo possa funcionar como está desenhado na política e na concessão que foi implementada”.
Outra das prioridades era a implementação do Campus do Mar e do Instituto do Mar em São Vicente.
ZEEMSV
Além destes assuntos, Paulo Veiga teve também a seu cargo a gestão de todo o processo relativo à Zona Económica Especial Marítima de São Vicente cuja Administração foi empossada em Setembro do ano passado.
No acto de posse o ministro do Mar defendeu que há grandes oportunidades a serem exploradas para investimentos nos sectores da economia marítima no contexto do mercado nacional, mas, também no âmbito da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da Zona de Livre Comércio da África e do acesso preferencial aos mercados europeus e americano, dado o posicionamento estratégico de Cabo Verde.
“Neste contexto, a Zona Económica Especial Marítima em São Vicente (ZEEMSV) sendo um projecto pilar e estratégico para o desenvolvimento de Cabo Verde, envolve vários sectores, incluindo o desenvolvimento dos portos, transportes marítimos e logística, as pescas, a reparação e construção naval, o turismo, a indústria, as energias, as infraestruturas, a agricultura, entre outros e será uma Plataforma Marítima e Logística internacional para alavancar o desenvolvimento do País e servir a nossa região e o mundo”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1040 de 3 de Novembro de 2021.