Começamos por aquela que é a cidade mais importante do país e por aquela que terá sido a vitória mais surpreendente das últimas eleições autárquicas em Cabo Verde: a câmara Municipal da Praia.
365 dias depois de tomar posse como presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho diz que sua equipa conseguiu fazer mais do que o previsto no primeiro ano de mandato.
Para o edil da capital os feitos “ultrapassaram de longe” aquilo que tinham previsto inicialmente quando assumiram a autarquia e encontraram um “caos total”.
Francisco Carvalho, citado pela Inforpress, ao apresentar o programa de inaugurações que comemora precisamente esse primeiro aniversário à frente dos destinos da Praia, disse que a sua equipa está a apresentar um conjunto de resultados para que os munícipes apreciem e avaliem para que depois digam o que acham desse ano de mandato e da confiança que depositaram na actual equipa camarária.
“Precisamos fazer com que as pessoas, munícipes, cidadãos voltem a ter confiança nos políticos. Então, temos de ter um comportamento à altura de reconquistar a confiança dos cidadãos, prometer e cumprir”, disse o autarca, afirmando que o maior desafio foi conseguir estabilizar a câmara municipal.
E falar de estabilidade é recordar os episódios de quase guerra aberta entre o presidente e alguns dos vereadores da Câmara da Praia. A instalação de GPS nas viaturas da autarquia levou a uma cisão que pode deixar o autarca isolado na governação da principal autarquia do país. Agora surgem acusações, por parte do MpD, de que haverá “ilegalidade e falta de transparência” na gestão da autarquia.
Já na Cidade Velha, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago, Nelson Moreira, fez hoje um “balanço positivo” do primeiro ano de mandato, salientando que o foco da governação esteve, sobretudo, nas pessoas.
Em entrevista à Inforpress, o edil ribeira-grandense sublinhou que foi um “ano difícil” tendo em conta os impactos da pandemia de covid-19, mas ainda assim indicou que houve realizações com “impactos concretos” na vida dos munícipes.
Não obstante os constrangimentos, decorrentes do contexto e dos efeitos da pandemia covid-19, indicou a mesma fonte, e da ainda “fraca arrecadação” de receitas próprias e de todas as limitações estruturais e conjunturais, a equipa camarária direccionou “importantes esforços” para atender às “reais e urgentes” necessidades das pessoas.
São Vicente
Agitadas estiveram também as águas em que a Câmara Municipal de São Vicente andou a navegar após as eleições de há um ano.
Com a Assembleia Municipal dominada por uma ‘coligação’ formada pela UCID, independentes e PAICV, os primeiros tempos da governação de Augusto Neves em São Vicente foram agitados. Um mar que, entretanto, parece ter acalmado.
Fogo
Na ilha do vulcão duas autarquias mudaram de mãos uma foi recuperada pelo PAICV a outra mudou de autarca.
Em São Filipe, Nuías Silva venceu as eleições e recuperou uma câmara que no mandato anterior tinha estado nas mãos do MpD.
“O primeiro ano é sempre difícil, sobretudo quando é marcado por estados de calamidade e de contingência”, disse o autarca em entrevista à Inforpress.
Ao fazer o balanço do seu primeiro ano à frente da câmara, Nuías Silva disse que decorreu em “tempos difíceis” com a tomada de posse em pleno estado de calamidade e de contingência com sucessivas renovações.
No dizer do autarca, esta situação “condicionou grandemente”, a actividade de governação central e local, mas que, não obstante este período difícil, o balanço “é extremamente positivo” por um conjunto de situações.
Nuías Silva disse que encontrou “uma câmara desorganizada, completamente endividada e com processos complexos”, adiantando que hoje ela está organizada, em matéria de prestação de serviço, de tramitação de processos e resposta rápida aos pedidos.
Com relação à dívida, Nuías Silva indicou que quando assumiu a gestão a Câmara Municipal de São Filipe tinha uma dívida a rondar os 300 mil contos com as instituições bancárias e cerca de 50 mil contos com terceiros, além de processos pendentes complexos, mas que estão sendo resolvidos.
Em Mosteiros Fábio Vieira, que sucedeu a Fernandinho Teixeira, não tem dúvidas ao afirmar que o “primeiro ano de mandato foi positivo” mesmo com “a crise pandémica e o atraso na transferência de recursos”.
Em entrevista à Inforpress o autarca disse que a câmara conseguiu “responder às demandas impostas, honrar os compromissos da anterior administração e materializar alguns projectos importantes para o município”.
Como exemplo, mencionou a instalação do museu do café, o arrelvamento do campo de Ribeira do Ilhéu, conclusão da praça de Amadora em Queimada Guincho, requalificação da Orla Marítima do Beco, instalação do gabinete do migrante e da ouvidoria municipal, entre outras actividades realizadas”.
Já em Santa Catarina o autarca, Alberto Nunes, diz que já há sinais de retoma apesar dos danos causados pela pandemia.
O primeiro ano “foi satisfatório”, diz o autarca.
Segundo o mesmo, foi um ano de uma luta “muito forte” da câmara juntamente com o Governo para reduzir a situação pandémica, resolver os problemas e tentar recuperar a economia local, sublinhando que neste momento o município está a retomar, gradualmente, as actividades.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1043 de 24 de Novembro de 2021.