Os restos mortais do antigo Presidente angolano chegaram a Luanda, Angola, no passado dia 20, depois de uma longa batalha jurídica entre a família do falecido.
José Eduardo dos Santos, vítima de doença prolongada, morreu no dia 08 de Julho, numa clínica privada em Barcelona, Espanha.
Para José Maria Neves, José Eduardo dos Santos esteve presente nos “momentos decisivos” do arquipélago, além de ter sido um “grande amigo” dos cabo-verdianos em Angola.
“Aqui nutre-se o respeito, amizade por Angola e por José Eduardo dos Santos, mas é preciso também prestar homenagem ao antigo Presidente angolano e lembrar-se do grande trabalho que desenvolveu em Angola”, apontou, o chefe de Estado, em declarações à imprensa, no dia em que se deslocou à representação diplomática angolana para assinar o livro de condolências.
Lembrou que durante a presidência do falecido, houve guerra ao longo de vários anos e que José Eduardo dos Santos contribuiu para a pacificação do país.
Neves destacou, por outro lado, o esforço de reconciliação nacional encetado pelo falecido estadista, assim como a busca da paz pela via da negociação e, também, o “enorme contributo” que deu para a resolução do problema do apartheid, a independência da Namíbia e toda a geopolítica na Africa Central e Austral, que mudou completamente a favor do continente africano.
“Temos de prestar homenagem ao amigo de Cabo Verde e prestar homenagem à liderança africana que, com muita inteligência, elevado nível e muita elegância, soube conduzir os destinos de Angola, garantindo a integridade território de Angola e a união do povo angolano”, sublinhou, vincando que José Eduardo dos Santos deu um “enorme contributo” para a afirmação e desenvolvimento da África Central e da África Austral.
O corpo de José Eduardo dos Santos foi entregue, por decisão de um tribunal espanhol, à viúva Ana Paula dos Santos, mãe de três dos oito filhos do antigo Presidente, contra a vontade dos outros cinco filhos, que não foram avisados da trasladação.
Isabel dos Santos, a braços com a justiça em Angola e outros países devido a acusações de corrupção, e Tchizé, antiga deputada do MPLA, partido do pai, no poder desde 1975, vivem há vários anos no exterior e dizem ser vítimas de perseguição pelas autoridades angolanas.