Paulo Veiga, discursava na sessão solene na Assembleia Nacional, comemorativa do Dia da Liberdade e da Democracia, 13 de Janeiro, lembrou que acontecimentos recentes que envolvem um titular de cargo político institucional têm preocupado e alertado a democracia cabo-verdiana e aos democratas.
“Acontecimentos recentes dão nos conta de um titular de alto cargo político, eleito no quadro institucional instaurado pelo 13 de Janeiro, em actos públicos oficiais e nas redes sociais, fazendo regresso ao passado e apologia das milícias e dos tribunais populares do regime único como solução para problemas de segurança urbana”, afirmou.
O presidente do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD) recordou, a este propósito, que a Constituição da República, desde o seu artigo 1º, não permite milícias e nem tribunais populares.
“Aliás, em nenhum país democrático se admite tais milícias e tribunais, eles só existem em alguns países sob regimes ditatoriais e totalitários, párias na comunidade internacional”, salientou Paulo Veiga.
Por isso, alertou, ver um dirigente partidário a fazer apologia a milícias e tribunais como solução para os problemas de segurança, é de molde preocupante.
“Mais grave e preocupante é o silêncio cúmplice com tão comprometedores e repetidas afirmações de partidos e entidades que têm participado nos pleitos eleitorais”, completou.
Segundo o dirigente do MpD, antes do 13 de Janeiro de 1991, a liberdade e a democracia eram os grandes anseios dos cabo-verdianos que deparavam com um sistema de poder de partido único.
“Infelizmente, o indissociável elo entre a conquista da soberania e o ideal da liberdade e da democracia não se materializou, pois, os líderes optaram pela construção de um sistema de poder com base no modelo totalitário”, realçou, acrescentado que o mesmo impediu a participação dos cabo-verdianos no desenvolvimento e na vida política do país.
Paulo Veiga diz-se congratular-se com os resultados da democracia e apelou aos cabo-verdianos a acreditarem e confiarem que esta data conduzirá ao desenvolvimento e progresso, que no seu entender, tem feito durante estes 32 anos de liberdade e democracia.