A declaração foi feita em conferência de imprensa pelo vice-presidente da direcção do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), António Fernandes, para balanço das jornadas de preparação para a sessão plenária que se inicia na quarta-feira, 25 de Janeiro.
A sessão tem como ponto alto a discussão com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, sobre “A inflação e o seu impacto na vida dos cabo-verdianos”, tema proposta pela União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID).
“Estamos neste momento com uma inflação que acaba por trazer aumento generalizado de preços de produtos básicos de primeira necessidade e de produtos em geral, mas também de serviços”, disse António Fernandes, para quem este “aumento generalizado” acaba por apertar aquilo que é o poder de compra dos cabo-verdianos e aprofundar uma franja considerável da população na pobreza e extrema pobreza.
Isto porque, segundo este responsável, no ano que ora termina a inflação rondou os 7,9 %, ou seja, uma inflação que a seu ver acaba por vir apertar ainda mais as famílias cabo-verdianas que já enfrentavam apertos no decorrer do final do ano 2021 com medidas que o Governo havia tomado.
“Ou seja, as medidas foram manifestamente insuficientes para a situação que as famílias cabo-verdianas passavam e continua a passar e hoje então verificamos que o Governo tomou medidas que consideramos uma grande aberração, retirou a subsidiação do trigo, que passou a ser vendido de 2000 e tal escudos para 4 000”, declarou.
“E o Governo vem com a desculpa de que tem que retirar a subsidiação para não perturbar o mercado, mas o que se constata é que o Governo está a perturbar o pão de cada dia de uma franja significativa de pessoas que passam por situações difíceis”, acrescentou.
O PAICV acusa assim o executivo de estar “absolutamente despreocupado” com o contexto de Cabo Verde, indicando que poderia hoje estar a ajudar a diminuir a inflação, para que os cabo-verdianos pudessem estar mais aliviados, sobretudo na diminuição do preço do combustível e dos impostos.
Apontou igualmente que deve subsidiar o trigo e manter o subsídio do milho e no conjunto de produtos essenciais para as famílias cabo-verdianas.
Do debate diz esperar que o Governo venha mostrar maior sensibilidade pelo contexto que as famílias têm passado.