O governante fez estas considerações à imprensa, sábado, no acto de entrega de 10 botes de fibra da Associação dos Operadores de pesca de Gambôa e Associação de Pescadores e Peixeiras de Achada Grande Trás, no âmbito do primeiro edital de fibragem de embarcações de pesca a nível nacional, financiado através do Fundo Autónomo das Pescas.
“Se tudo correr como planeado e não tiver nenhuma pandemia como aconteceu em 2020, acredito que até 2026 vamos entregar aos cabo-verdianos um conjunto de obras que possam mudar radicalmente e revolucionar o sector de pescas, voltando o sector também para África”, disse.
Abraão Vicente disse desafiou os empreendedores cabo-verdianos a olharem para a pesca como um sector que vai “alavancar” o crescimento económico de Cabo Verde.
Quanto aos investimentos externos, o governante defendeu a necessidade de se formalizar outros tipos de contratos [além do contrato de pesca com a União Europeia] com outros países que também pescam nas águas do arquipélago, nomeadamente Japão, China, Estados Unidos, entre outros.
“Temos que ser mais ambiciosos nos próximos anos por uma razão muito simples, é cada vez mais escassa disponibilidade de recursos vivos nos mares, isto significa que Cabo verde sendo responsável para quase 800 quilómetros quadrados, 99,3% de mar, temos que pôr um preço ainda mais elevado aos recursos que são pescados nas nossas águas. Vamos ter uma comissão mista, no dia 09, para avaliar e acredito que Cabo Verde tem que traçar um outro nível de ambição”, sublinhou.
Em relação à falta de investimentos no sector, na ilha de Santiago Norte, Abraão Vicente considerou ser um “pouco dramático”, após 48 anos depois da independência, “ver o sector do mar com falta de apoio em terra”.
“Temos estado, de certa forma, erradamente focados na produção de gelo. Gelo é importante se a quantidade de peixe pescado é suficiente para congelar, transformar e colocar a indústria a funcionar. Isto quer dizer que temos que mudar a ambição. Ouvi os deputados do PAICV, mas repara que passamos 15 anos com programas de mitigação e combate à pobreza sem pensar no desenvolvimento do sector”, afirmou.
Abrão Vicente recordou que o Governo já dispõe de financiamento, através de linha de financiamento do Banco Mundial, para nos próximos anos “alargar e reformular totalmente” o porto da Ribeira da Barca, na ilha de Santiago.