As declarações de Ulisses Correia e Silva foram proferidas à imprensa, no Comando da Primeira Região Militar, à margem das cerimónias fúnebres de dois dos seis militares que serão sepultados hoje, sendo três em Santo Antão, dois em São Vicente e um na ilha do Sal.
“Há um processo de inquérito às condições, às causas que levaram ao acidente. Em função disso, tirar as devidas ilações e consequências. Mas acho que se está a extrapolar muito relativamente às condições - como é que Forças Armadas operam, como o Serviço Nacional de Protecção Civil opera - sem se ligar que de facto houve uma tragédia, um acidente grave e temos que esperar pelo inquérito para apurar exactamente o que é que aconteceu, como aconteceu e que eventuais consequências poderão ser apuradas”, refere.
Face às questões levantadas sobre a utilidade do serviço militar obrigatório, o chefe do executivo diz que é um assunto que consta do programa do Governo, mas que não é o momento de fazer essas ligações.
“É que está-se a extrapolar muito", insiste. "As Forças Armadas são uma instituição reconhecida no país, é uma instituição útil, faz um trabalho relativamente à garantia da Defesa e defende o país face a situações de protecção civil. Fez um trabalho notório relativamente ao combate à covid-19. Portanto, tem múltiplas funções de defesa do país e dos nossos cidadãos e não devemos, nestes momentos, estar a juntar essas coisas”, entende.
Correia e Silva deixou uma palavra de conforto no momento triste para as Forças Armadas e, em particular, para os familiares das vítimas.
Para além do primeiro-ministro, a cerimónia no Comando da Primeira Região Militar contou com a presença da ministra da Defesa nacional, Janine Lélis, dos Presidentes da Câmara e da Assembléia Municipais, do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, Contra-Almirante António Duarte Monteiro, assim como dos familiares e amigos dos malogrados.
Durante o acto, marcado pela emoção, foram entregues o elogio fúnebre e a carta de condolências aos familiares dos militares Igor Costa e Cleiton Rocha.
Na tarde desta terça-feira foram realizados dois funerais de outros dois militares de Santa Cruz e Tarrafal na ilha de Santiago.
Cabo Verde cumpre hoje o segundo de dois dias de luto oficial nacional pela morte de oito militares e um técnico do Ministério do Ambiente na sequência do combate a um incêndio florestal na Serra Malagueta, em Santiago, que destruiu cerca de 200 hectares. As oito mortes ocorreram na sequência de um acidente da viatura que transportava 31 militares para o apoio ao combate ao fogo. 23 ficaram feridos.