PM preocupado com suspensão por parte da Rússia do acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,19 jul 2023 8:21

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, expressou esta terça-feira grande preocupação em relação à suspensão do acordo de exportação de cereais pela Rússia, anunciado na segunda-feira.

Em declarações exclusivas à Inforpress, na cidade da Praia, o líder governamental destacou que a suspensão do acordo de cereais questão tem um impacto significativo em âmbito global e, particularmente, nos países menos desenvolvidos, como alguns países africanos que importam directamente dessas nações.

“Nós vemos com muita preocupação porque é uma questão que tem impacto a nível global e, particularmente, nos países menos desenvolvidos, alguns países africanos que têm a importação directa da Rússia e também da Ucrânia,” afirmou o primeiro-ministro.

Ulisses Correia e Silva ressaltou que o problema não se limita apenas à falta de cereais que chegam aos países, mas também ao aumento dos preços que geralmente acompanha situações como essa.

“O problema não é só a quantidade de produtos que não chega, mas os preços que tendem a aumentar quando essas questões se verificam. É uma preocupação que é condenável e esperamos que a situação se normalize, porque os países não podem ficar prejudicados, ainda mais prejudicados,” destacou o líder cabo-verdiano.

Embora Cabo Verde não importe directamente da Rússia, o primeiro-ministro ressaltou que a suspensão desse acordo afecta o mercado global, resultando em consequências para todos os países, especialmente no que se refere ao aumento dos preços de cereais e produtos relacionados.

“A nossa importação não vem diretamente da Rússia. O problema é que esta situação atinge um mercado global e atingindo o mercado global, acaba por atingir todos os países, particularmente na questão do aumento dos preços,” explicou Ulisses Correia e Silva.

O primeiro-ministro expressou o desejo de que o acordo de exportação seja normalizado, reforçando a importância do cumprimento dos acordos estabelecidos entre a Rússia e a Ucrânia, com a mediação da Turquia, para garantir o funcionamento adequado do mercado de cereais.

“A normalização é no sentido de cumprimento daquilo que era um acordo que já tinha sido estabelecido entre Ucrânia e Rússia, com a intermediação da Turquia para que o mercado pudesse funcionar e esperamos que funcione,” concluiu o líder governamental.

A Rússia suspendeu esta segunda-feira o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro para várias regiões do mundo, onde milhões de pessoas passam fome, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.

A Iniciativa de Cereais do Mar Negro, mediada pela ONU e pela Turquia, permitiu que 32,9 milhões de toneladas métricas (36,2 milhões de toneladas) de alimentos fossem exportadas da Ucrânia desde Agosto, mais de metade para países em desenvolvimento, de acordo com o Centro de Coordenação Conjunto em Istambul.

A Ucrânia e a Rússia assinaram acordos separados em Julho de 2022, um dos quais reabriu três portos ucranianos do Mar Negro que estiveram bloqueados durante meses, após a invasão de Moscovo. O outro facilitou o movimento de alimentos e fertilizantes russos em plenas sanções ocidentais.

Ambos os países são grandes fornecedores de trigo, cevada, óleo de girassol e outros produtos alimentares a preços acessíveis de que dependem a África, o Médio Oriente e partes da Ásia. A Ucrânia é também um grande exportador de milho e a Rússia de fertilizantes – outras partes essenciais da cadeia alimentar.

A interrupção dos carregamentos da Ucrânia, país considerado o “celeiro”, exacerbou uma crise alimentar global e fez disparar os preços dos cereais em todo o mundo.

O acordo garante que os navios não serão atacados à entrada e à saída dos portos ucranianos. Os navios são controlados por funcionários russos, ucranianos, da ONU e turcos para garantir que transportam apenas alimentos.

O acordo, que deveria ser prorrogado de quatro em quatro meses, foi saudado como um farol de esperança e foi renovado três vezes – as duas últimas por apenas dois meses, uma vez que a Rússia insistiu que as suas exportações estavam a ser travadas, apesar de Moscovo ter enviado quantidades recorde de trigo.

Desde 27 de Junho que não há novos navios a aderir à iniciativa e a Ucrânia culpa Moscovo. O último navio deixou a Ucrânia no domingo.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,19 jul 2023 8:21

Editado porAndre Amaral  em  11 abr 2024 23:28

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