Através de um comunicado publicado no Facebook, o Chefe do Estado ressaltou que a situação é complexa, com a precarização da segurança, pobreza extrema e influências de actores e interesses geopolíticos externos na região, tornando a situação ainda mais complicada.
José Maria Neves rejeitou a opção militar como solução e enfatizou sua oposição à guerra, defendendo o direito internacional e a solução negociada dos conflitos.
“A solução não pode ser técnico-militar. Somos contra a guerra, defendemos o direito internacional e a solução negociada dos conflitos. Temos de ser sobretudo prudentes, realistas e inteligentes. Qualquer intervenção militar é, pois, neste momento, contraproducente”, escreveu.
Para enfrentar a crise no Níger e em outros países da região da África Ocidental, o Presidente defendeu uma solução política e diplomática e ressaltou a necessidade de mobilizar todos os recursos diplomáticos, além de buscar intensas negociações para resolver a complexidade contextual e as múltiplas crises enfrentadas na região.
Neves também propôs uma agenda global que envolva a cooperação de outras instituições, como as Nações Unidas e a União Africana, dada a magnitude dos desafios enfrentados na África Ocidental. A busca por uma solução pacífica e diplomática é vista como essencial para a estabilização e a restauração da ordem institucional na região.
Governo apoia sanções da CEDEAO
Em declarações à RCV, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo, reconheceu que a Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) foi mais longe ao afirmar que “poderá usar de meios militares”, caso os golpistas não reponham a ordem constitucional no Níger e reiterou que Cabo Verde está ao lado da organização na aplicação de “todas as medidas que se mostrarem necessárias”.
Conforme explicou a crise no Níger cria dificuldades a toda a região, por estar relacionada à insegurança e o terrorismo que se vive também nalguns países da CEDEAO.
Rui Figueiredo lembrou que “Cabo Verde é um país de paz”, sublinhando que esta é a única posição que o país podia ter.
“Cabo Verde é um país de paz, de democracia, boa governação. É a única posição que podíamos defender, sendo coerentes com o nosso percurso e com a necessidade de paz, segurança e estabilidade na nossa região”, acrescentou.
Em 26 de Julho, um grupo de militares derrubaram o Presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum.
O golpe foi condenado pela comunidade internacional e pela CEDEAO, que enviou uma delegação para negociar com os golpistas.
A organização tem enfatizado a busca por uma solução política e diplomática para a crise e afirmou que uma intervenção militar será "a última opção", mas que é necessário "preparar essa eventualidade".
Além disso, a CEDEAO tem pressionado por sanções internacionais contra o Níger em resposta ao golpe, como o corte do fornecimento de electricidade pela Nigéria, principal fonte de energia do país.