“Cabo Verde é, nestes tempos sombrios, um Estado capturado por um partido político que governa, lançando-se numa empreitada desenfreada de engordar a máquina do Estado, ignorando o sector privado, esquecendo-se de mais de 170 mil cabo-verdianos que vivem na pobreza”, frisou.
Segundo a deputada, Cabo Verde está, efectivamente, a viver um tempo em que um “Governo e um partido bradam aos quatro ventos que estão a implementar o maior Estado Social que Cabo Verde tem memória, quando a realidade diz exactamente o contrário”.
Considerou que os discursos deste Governo já não convencem os cabo-verdianos, uma vez que sustentou, “o MpD é um partido que inaugurou o maior Estado de compra de votos e de consciência da história deste país e um Governo e um partido que implementaram o maior Estado de assistencialismo da história deste país”.
“Na verdade, só se pode falar de maior Estado social de um país quando há um Governo que cria empregos e empregos dignos, onde as famílias conseguem viver com dignidade, levar a panela ao lume, educar os seus filhos e cuidar dos seus idosos. Um Estado social é um Estado onde o país é de todos e para todos e ninguém é deixado para trás”, comparou.
A deputada do maior partido da oposição criticou a postura do ministro Fernando Elísio Freire que, referiu, nos últimos anos tem exposto a população mais vulnerável, considerando que as medidas do Governo têm promovido a perpetuação da pobreza, aumento das desigualdades e dependência às vontades de políticos e governantes em momentos bem determinados.
“Perguntamos a este Governo, ao senhor ministro, é possível viver com 33 escudos em Cabo Verde? A promoção de empreendedorismo e inclusão produtiva resumem-se à entrega, com direitos a fotografias e reportagens de televisão, de kit de 30 mil escudos que inclui, às vezes, saco de batatas, às vezes, máquina de fazer bolos, às vezes, pás e martelos, malas térmicas, numa acção tão indigna quanto deprimente e vergonhosa para a nação”, acusou.
Carla Carvalho alertou aos cabo-verdianos e aos parceiros que a política social que o Governo está a implementar “não combate a pobreza, não promove a qualidade de vida e muito menos o desenvolvimento social e económico, denunciando que o executivo e o MpD estão a utilizar as ajudas internacionais para condicionar as pessoas e obter dividendos políticos”.
Criticou ainda a falta de políticas de protecção e defesa dos direitos das crianças, garantia de melhores condições de vida dos idosos, criticando que o ICEG, está capitalizado porque levou quase sete anos para tirarem do papel o fundo do apoio à vítima que não tem funcionado correctamente.
Afirmou ainda que não há uma política consistente de criação de emprego, de autonomização das famílias, de redução das desigualdades sociais e muito menos de erradicação da pobreza e que existem medidas pensadas e concebidas para ganhar as eleições.
A deputada asseverou que o Estado associado ao MpD se resume num executivo “generoso” nas épocas eleitorais e “ausente” nos restantes anos, em que deixa a população vulnerável à sua própria sorte.
“Assim aconteceu nas vésperas das últimas eleições legislativas e assim estão a preparar para, através do Orçamento do Estado 2024, tentar ganhar as eleições autárquicas. Efectivamente, senhor ministro, cabe ver que vivemos tempos sombrios, em que um governo tão somente governa para ciclos eleitorais. Tempos em que um Governo e um partido confundem propositalmente o conceito de política social com política eleitoral e partidária”, declarou.