Mundo discute diásporas no Sal

PorAndre Amaral,12 set 2024 8:16

Jorge Santos, ministro das Comunidades
Jorge Santos, ministro das ComunidadesDadu Costa

​Sal recebe, hoje e amanhã, a conferência internacional ligada às Diásporas a nível global e vai contar com a presença da Directora-Geral das Migrações, Amy Pope, assim como de governantes nacionais e de representantes dos Governos da Geórgia, Fiji, Maurícias, El Salvador, Peru, entre outros e ainda da União Africana.

Em entrevista ao Expresso das Ilhas, o ministro das Comunidades, Jorge Santos, refere que Cabo Verde tem tido, ao longo dos últimos anos, uma “acção forte no plano internacional em tudo o que diga respeito às boas práticas da gestão e também da governança da diáspora”.

Lembrando a história da emigração cabo-verdiana, o ministro aponta para o sucesso da integração das comunidades nacionais em países como os Estados Unidos da América, Argentina, Brasil, Senegal, Angola, São Tomé, Moçambique, Guiné-Bissau, Congo, Gabão, mas também, “mais recentemente, a Europa, principalmente intensificada depois da Segunda Guerra Mundial”

“As comunidades foram, instalaram-se e desenvolveram raízes, e é de notar que criaram os seus próprios espaços, mas sempre em ligação com a sua terra. Foram e transportaram Cabo Verde não só nos hábitos e nos costumes, mas também promoveram as nossas ideias além-fronteiras”.

A diáspora, assume o ministro, “é uma grande parte do nosso país” e é cada vez mais encarada como um recurso “essencial para o desenvolvimento do país”.

“Cabo Verde nunca será um país desenvolvido sem a participação integral e directa das nossas comunidades. E é neste quadro que Cabo Verde vem desenvolvendo políticas públicas. E é neste quadro também que nos últimos anos e nesta legislatura se criou esta política pública de dar centralidade à diáspora cabo-verdiana”, acrescenta.

Acima de tudo, Cabo Verde vai, nesta conferência internacional, mostrar o quão bem integradas estão as suas comunidades espalhadas pelo mundo e do peso que estas têm na economia do país.

“Nas últimas duas décadas verificamos uma forte entrada de remessas, principalmente financeiras, para o país, o que tem tido um papel importante na economia nacional e também na participação do próprio produto interno bruto. E em 2023 essas remessas atingiram 275 milhões de dólares americanos. E também representaram, na altura, só em remessas financeiras, 18,2% do nosso PIB”, isto sem contar o investimento directo nas áreas económicas, no turismo, nos transportes no comércio, destaca Jorge Santos.

“Quando somamos as remessas financeiras com o investimento directo, que já ultrapassa os 7,8 milhões de contos, mais o empreendedorismo social, estamos a falar de 34% do PIB nacional. Ou seja, a diáspora é uma grande parte do nosso país. É um recurso essencial para o desenvolvimento do país. E nunca Cabo Verde será um país desenvolvido sem a participação integral e directa das nossas comunidades”.

A Conferência

A Conferência Internacional sobre a Agenda de Acção Futura para o Envolvimento Global da Diáspora integra, conforme explicou o ministro, os apoiantes da Declaração de Dublin, que foi adoptada em Abril de 2022, na Irlanda, e que pretende recolher ideias de práticas inovadoras sobre o envolvimento da diáspora. “Além disso, a conferência vai inaugurar a Aliança Política da Diáspora Global”.

Esta aliança é vista como um mecanismo fundamental para a elaboração do roteiro futuro de iniciativas globais de envolvimento da diáspora e da sua integração tanto nos países de acolhimento como nos de origem.

Durante o evento vai haver uma Abordagem Sectorial para o Engajamento da Diáspora: O GDPA é estruturado em torno de três Grupos de Trabalho Técnicos dedicados a Género e Juventude, Acção Climática e Saúde e Bem-estar. “Esses temas transversais aproveitam a ampla experiência da OIM em programação, política e parcerias, fornecendo abordagens específicas do sector que promovem soluções concretas e iniciativas colaborativas. As três temáticas também são identificadas por meio de ampla consulta com mais de 250 partes interessadas, garantindo a forte relevância para os principais membros dos grupos de trabalho. Esse foco estratégico tem o potencial de desbloquear novas oportunidades para parcerias e projectos, gerando resultados impactantes em áreas-chave do desenvolvimento global”, lê-se na nota enviada pelo governo sobre a conferência.

Primeiro-ministro na abertura

O Primeiro Ministro, Ulisses Correia e Silva, fará a abertura oficial do evento, marcado para o dia 12 de Setembro, para, no dia seguinte acontecer a sessão Ministerial, com a presença de Amy E. Pope, Directora-Geral da Organização Mundial das Migrações, do Ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos, e ainda por um Representante da Irlanda, “que irá servir como uma plataforma oportuna para os parceiros organizadores articularem suas respectivas visões para a Aliança Política da Diáspora Global”.

Um dos objectivos desta Conferência é apresentar as lições aprendidas e as boas práticas de Cabo Verde e de outros actores relevantes em termos de envolvimento da diáspora em diferentes sectores; para além da formalização da criação e operacionalização desta Aliança Política da Diáspora Global (GDPA), a ser lançada oficialmente durante a parte ministerial do evento, mas ainda facilitar a participação activa e a colaboração entre vários governos, organizações da diáspora, sector privado, Universidades e jovens, entre outros.

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Autoria:Andre Amaral,12 set 2024 8:16

Editado porAndre Amaral  em  22 nov 2024 23:26

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