A informação foi avançada hoje por Saidou Maïga à imprensa, em São Vicente, após entregar as cartas credenciais ao Presidente da República, José Maria Neves.
"Sobre as relações particulares entre Cabo Verde e o Burkina Faso, discuti ontem com o ministro dos Negócios Estrangeiros, que apresentou propostas e acredito que, em breve, vamos dinamizar a cooperação bilateral, com o apoio de uma comissão mista, para abordar todas as questões relacionadas com a mobilidade, a segurança, o comércio e tudo o que for do interesse do povo de Cabo Verde e do povo do Burkina Faso", afirma.
No início do ano, a CEDEAO confirmou a saída formal do Mali, do Níger e do Burkina Faso da organização. Questionado sobre a redefinição das relações com a CEDEAO, o diplomata burquinense aponta para a criação de um espaço de diálogo que salvaguarde os interesses da população e a soberania dos territórios.
"Do ponto de vista geográfico, estamos inseridos no espaço da África Ocidental. Isso impõe-nos, historicamente, escolhas estratégicas, decisões a tomar e também a manutenção do diálogo com os nossos irmãos, porque a nossa saída da CEDEAO não significa fechar portas, mas sim, em primeiro lugar, salvar o nosso povo, reorganizar e enfrentar a insegurança na nossa região. As negociações prosseguem entre os Estados da Aliança do Sahel e, posteriormente, com a CEDEAO. Estou certo de que, tanto do lado da CEDEAO, como do lado dos nossos países, será sempre tido em conta o interesse superior das nossas populações e dos nossos Estados", sublinha.
"E se conseguirmos garantir a nossa soberania, quer seja em matéria de cooperação, comércio ou desenvolvimento, seremos livres de escolher o caminho que queremos seguir. É por isso que lutamos, pela verdadeira independência, não apenas dos nossos países, mas de toda a África, para que as nossas escolhas não nos sejam impostas a partir de Paris ou Washington", acrescenta.
Burkina Faso, Mali e Níger criaram a Aliança de Defesa do Sahel após a saída da CEDEAO, num esforço conjunto para combater insurgências e ameaças externas na região, bem como para garantir assistência mútua. Os três Estados têm-se afastado da França, ex-potência colonial, que anteriormente fornecia assistência militar na região.